Água fria

Às vezes a súbita coragem que se precisa para pular em uma piscina com água gelada quando frio, é a mesma que se precisa para mudar uma vida.

Quantas vezes a alma pede um banho de piscina com água fria? O desejo é insano, mas não se tem coragem. O pensar nas consequências vem, e a coragem vai. Mas oras, está frio, água é fria, por que, então, o desejo de se jogar na piscina?

Mudança, talvez, seja o que mais se almeja. O desejo de pular na água gelada vem, apenas, se o conforto da situação que se vive fora da piscina não for bom o suficiente.

Pensar na rápida mudança do conforto de estar quentinho, faz a ideia se apagar. Enquanto, às vezes, um pensando cresce na alma: “E se, a água gelada da piscina for melhor que o morno da rotina?”

Mas, por Deus, que súbita coragem é essa, que pode mudar uma vida? Inexplicável, eu diria! É apenas um impulso que vem do interior da alma e te empurra para dentro da piscina, como se não houvesse consequências, ou como se elas fossem minúsculas demais para se tornarem um problema.

Coragem difícil de se encontrar. Entre os poucos que chegam a tocar na água fria, há aqueles que decidem ir com calma, molhando o pé, e depois a nuca, para que a água fria não se estilhasse subitamente na face mostrando que a "morninha" temperatura em que se encontrava o corpo e a alma, vão-se embora deixando somente a sensação de diferença.

Mas molhar-se aos poucos, pode ser mais doloroso que se jogar na piscina rapidamente, enfrentando de uma só vez a diferença de fora, para dentro. É o que as pessoas com mais experiências dizem, não?! “Se joga logo, “meu filho”, se molhar aos poucos é muito pior.”

E por vezes, molhar-se aos poucos dá uma errônea impressão de como será o banho de piscina. A água pode nem estar tão gelada, mas respingar gotículas na nuca, obviamente, a fará parecer congelante.

Alguns não pensam na água gelada, mas em outras consequências que a decisão de pular na piscina pode trazer. Alguém com certeza está ao lado da piscina pronto para pular, mas ao mesmo tempo a se perguntar: “e se eu me afogar?”

Eu então pergunto: Será pior se afogar subitamente pela profundidade da mudança, ou continuar a morrer lentamente à borda da piscina afogando-se em sentimentos rasos?

Aline do Amaral
Enviado por Aline do Amaral em 08/08/2014
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