Um dia a gente cansa!

O relógio já apontava 11:30, e naquela noite só havia um homem em um bar simples da rua Laranjeiras. Ele chorava baixinho enquanto bebia. O garçom já queria ir embora, pois sua mãe já era de idade e estava sozinha em casa. Mas quando foi falar com aquele homem de uns trinta anos mais ou menos, foi a pior coisa que teria feito. O homem despencou tudo que estava sentindo nas costas daquele pobre garçom. O homem implorou que o garçom se sentasse na mesma mesa e começou a falar naquela voz de bêbado que todo mundo já ouviu um dia.

-Eu sou um eterno apaixonado, garçom.

-Sei. E onde está a louca?

-Não fale assim. Ela prometeu que vinha me ver.

-No dia do seu nunca?

-Porque fala assim? Nunca se apaixonou?

-Sim. Já tive esta infelicidade.

-Você fala assim porque não entende o amor como eu.

-Mas porque então que a moça não veio?

-Ela me ama...Eu pedi ela em casamento.

-E ela aceitou?

-Claro. Ela sempre vinha me buscar nos bares da cidade.

-Mas então ela não vem mais hoje.

O homem bêbado limpou as lagrimas na camisa que não saia do seu corpo a uma semana. Depois pegou no bolso da calça, o celular, e acendeu um cigarro. Ao colocar o celular em cima da mesa, disse para o garçom ligar para o número da moça, que era o primeiro da lista de contatos.

-Liga para a Aninha.

O garçom pegou o celular e ligou para a moça. Ela demorou a atender.

-Moça, tem um homem aqui em meu bar que está dizendo que tu é namorada dele...

A moça não quis ouvir mais nada, e apenas disse:

-Diga para ele, que eu cansei, ou que morri! Porque ele já morreu para a bebida.

O garçom entregou o celular ao homem, e este por sua vez afirmou:

-Viu só como ela me ama? Eu sabia que ela ia atender!

-Mas...Ela não...

-Não diga mais nada! Ela me ama, e eu amo ela. Eu sei que eu sou um nada, e que não a mereço, mas o nosso amor prevalece sempre.

O homem começou a chorar, e quando ficou melhor, o garçom o levou para a casa. No caminho,o homem sempre dizia:

-Eu vou deixar tu me levar, mas tenho certeza que ela ia me buscar no bar, como buscava. Ela ainda me ama!

Janaina Caixeta
Enviado por Janaina Caixeta em 02/08/2014
Reeditado em 02/08/2014
Código do texto: T4906519
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