ÍNDIO BITURUNA

INDIO BITURUNA

Bituruna era um índio que não saia da beira do mar.

Moço bonito e forte, olhos espertos e ouvidos atentos.

Seus cabelos eram compridos, negros e brilhantes.

Andava com sua tanga feito Tarzan pela mata afora.

Nas praias que circundavam a região, Bituruna era conhecido por todos.

Defendia a natureza como ninguém.

Temente ao seu Deus e a seus costumes.

Bituruna ainda muito moço, casou-se com Eloá, uma índia jovem, bem bonitinha. Cabelos bem longos, corpo atlético, sorriso maroto, uma linda mulher,

Filha do cacique Baeté.

Os dois, juntamente com todos da tribo, viviam felizes e faziam a aldeia crescer.

A pesca vinha do mar e dos rios que desaguavam no mar.

Os frutos vinham das fruteiras que havia na serra do mar.

As carnes vermelhas eram das caças realizadas na Mata Atlântica.

Bituruna, Eloá e os filhinhos viviam felizes e não tinham preocupações.

A vida de Bituruna resumia-se em Namorar a sua mulher e dar carinho a seus filhos,

Rezar todos os dias para o seu Deus, realizar os seus ritos, comer a sua comida,

Cantar os seus cantos, tocar os seus tambores, dançar as suas danças, pescar, caçar, colher os frutos na Serra e dormir em paz, além de curtir as belas praias.

Assim era a vida de Bituruna e de todos os seus, como também foi a vida de todos os seus antepassados.

Mas um dia tudo isso mudou!

Bituruna recebeu algumas visitas inusitadas.

Visitas estas que mudaram radicalmente a sua vida.

Apareceram os falsos professores.

Eram pessoas arrogantes que pareciam ser os donos do mundo.

Vestiam roupas demais, usavam barbas arrojadas e um desejo enorme de destruição.

Exigiram que Bituruna e todos os seus pescassem diferente, que caçassem diferente,

Que namorassem diferente, que comessem diferente, que dançassem diferente,

Que rezassem diferentes. Até o Deus era diferente.

Chegou um demônio vestido de deus.

Chegou a crueldade vestida de santidade.

Chegou o egoísmo vestido de amor.

Chegou o individualismo vestido de solidariedade.

Chegou a dor vestida de prazer.

Chegou a injustiça vestida de justiça.

Chegou a maldade vestida de fraternidade.

Chegou o fim vestido de começo.

Hoje não tem mais Biturunas, não tem mais Eloás!

Acácio

Acácio Nunes
Enviado por Acácio Nunes em 17/05/2007
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