A Ilha da Agonia

Naquele fim de tarde, em meio ao verão, o sol descambava para o poente, quando aquele jovem, jurista de futuro promissor, decidiu juntar-se aos seus, que há mais de quinze dias, já estavam lá, naquela Praia do Litoral Sul, rodeada de antigos e belos rochedos, que faziam daquele recanto de mar, um belo e aprazível lugar. Era o segundo verão que, a familia e amigos passavam por lá.

A chegada foi festiva, todos correram para dar-lhes as boas vindas.Um alegre jantar, um bom papo, muita conversa jogada fora, alegria, bom humor, um ambiente de paz, até que um amigo, começa a cantar, acompanhando-se, ao violão... e logo vem, uma noite de seresta a beira mar. Já estamos nos umbrais da meia-noite, pouco a pouco, os parentes, familiraes e amigos, iam se recolhendo, pois o dia seguinte, não tinha mudança, a " batida do bombo", o ritimo de descontração seriam o mesmo. Quase sem perceber, foi ficando só, no seu sozinho banco de madeira ali plantado na beira do mar e, assim envolto pelo silencio que então já se fazia ao seu redor, deixou-se ficar ali, a ouvir apenas, o barulho das vagas que se quedam nas areias da beira da praia.

E, a madruga avança. A estrada que o conduzira até ali, perde-se na curva .As dunas de areia, pelos ventos em festejo empoeiram mais ainda, a esperança que teima em alimentar seu apaixonado coração... os coqueiros, ali bem perto, parecem, vigilantes aos eu redor... mas, de vigia, quem se encontra é ele, pois a insonia lhe pede abrigo, sem duvidas, é uma hospede impertinente que vela sua tristeza e, certamente, ao longo de muitos dias, cruelmente, todos os dias, lhe oferece a taça amarga da incerteza. E, o mar pelo vento açoitado cresce... assim revolto, faz explodir no coração , na alma e na cabeça do belo jovem, emoções adormecidas.

As muitas lembranças que, já lhe pareciam pálidas e distantes, as dores que julgava menos doidas, impiedosamente se aproximam em barcos de bandeiras por ele, desconhecidas. E, seu olhos incomodados com a luz do farol que, aos incautos navegantes os caminhos do mar indicam, invade os labirintos do seu ser, expondo sem pudor, todos os seus medos...

E, naquela hora crucial, o jovem solitário, no auge de sua agonia, perdido entre seus delírios, de repente, vê surgir entre os rochedos, o vulto de sua amada... mas... era apenas, só mais um pesadelo, do qual acordara naquele banco de madeira e, na beira da praia daquele imenso, mar...

Josenete Dantas
Enviado por Josenete Dantas em 12/07/2014
Reeditado em 02/12/2014
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