MINHA SOMBRA NA POEIRA



Muitas vezes inesperadamente somos surpreendidos pelo acaso com sua lógica incompreensível, em alguns acontecimentos inacreditáveis, nos colocando em cheque. Conduzindo-nos a lugares e situações inimagináveis. O inacreditável está sempre sobre o domínio do acaso.
Nesta foto eu fui surpreendido por ele, que me premiou, com o sol da manhã, projetando minha sombra na poeira da estrada. Mexendo com meu imaginário conduzindo-me numa viagem de volta no tempo, ao meu mundo criança, onde eu desfilei inúmeras vezes, ora brincando com os meus colegas, ora dirigindo-me ao trabalho juntamente a inúmeros conterrâneos, que em sua maioria Já virou saudade e partiram indo morar junto de Deus.
Minha intenção seria apenas fotografar a estrada. Sendo ela um pedaço de minha história, escrito nos anais do Vale do picão. Ou seja, uma relíquia do meu passado, onde vivenciei a pagina mais importante de minha saudosa infância ao lado de inesquecíveis amigos. Correndo de pés descalços, marcando com os nossos rastros sua poeira branca e argilosa.
Este é um capricho do acaso, que surgiu de repente, me trazendo lembranças engavetadas na memória. E inspirou-me a escrever meu nono livro. Cujo titulo será “Uma Sombra na Poeira” como está na foto, com a qual ilustrarei também sua capa. Uma publicação prevista para 2015. Se Deus assim me permitir.
Voltando ao acaso, eu tenho duas narrativas incríveis, que, como no dizer popular, até deus duvida. A primeira está em uma crônica já publicada cujo titulo é o Santo Oculista. Uma história incrível, de um garoto pobre que perdeu seus óculos dentro do rio picão e o acaso o devolveu. Ficando o leitor convidado a visitar minha escrivaninha na categoria de crônicas e ler o Santo Oculista.
A segunda situação inaceitável, de um acaso, ocorreu comigo, em 1966. Época de difícil locomoção para os produtores rurais. Os caminhões que recolhiam o leite nas fazendas foi uma alternativa para viajar até as cidades.
Viajávamos um grupo de carona no caminhão leiteiro do Engenho a Bom Despacho. Nas imediações da fazendo do Odílio, meu chapéu caiu numa curva da estrada. Meu tio Zequinha Quirino era o motorista, pelo retrovisor ele viu e parou. Desci e fui apanhar o chapéu tinha uma nota de vinte cruzeiros debaixo do chapéu como se alguém a tivesse tampado com ele. A moeda que circulava na época era o cruzeiro e a nota de vinte era vermelha. Ninguém acreditou em mim, ficaram todos me gozando.
Paguei dois dias de peão com ela. Sendo que um peão ganhava dez cruzeiros por dia para ralar de sol a sol na enxada. Uma incrível e inacreditável coincidência do acaso, mas aconteceu comigo!





 
Geraldinho do Engenho
Enviado por Geraldinho do Engenho em 25/06/2014
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