Ouro, de novo

Desde 21 de abril de 1500 nosso país vem sendo invadido por estrangeiros. Naquele dia os portugueses foram recepcionados pelos índios. Vieram também holandeses, franceses, ingleses e espanhóis. Japoneses, italianos e outros também aportaram pelas terras brasileiras.

Com alguns desses povos houve guerras, mortes. Com outros, promessa de enriquecimento e acolhimento. Após alguns confrontos os portugueses se firmaram aqui. Nessas pelejas as flechas dos índios mataram Estácio de Sá e Fernão de Sá, sobrinho e filho de Mem de Sá, o governador-geral.

Muitas daquelas lutas foram por domínio da terra, carregamento de madeira e ouro. Após 514 anos aqueles estrangeiros voltaram, mas com outro objetivo, disputar a Copa do Mundo de Futebol. Desta vez estamos de braços abertos. O país está em festa. Aqueles com quem duelamos em 1500, hoje os chamamos de amigos e desejamos boas-vindas. Abraçamos até os que enforcaram e esquartejaram nosso Tiradentes. Ainda não conseguimos abraçar os violentos black blocks. Esses ainda precisam de argumentos muitos convincentes e muita história para justificar suas depredações contra patrimônios que custaram uma vida inteira de sacrifícios e economias.

Neste ano de 2014, poucos dias antes da Copa, numa luta pelo direito a terra, a flecha de um índio atingiu um policial militar no centro de Brasília.

Quando aqueles estrangeiros se foram deixaram muito de sua cultura, costumes e religião. Herdamos palavras francesas, inglesas, nomes e sobrenomes portugueses. Nosso país tem este tamanho e desenho devido aos acordos com os espanhóis.

Hoje o ambiente é de paz embora exista uma guerra civil urbana que nossos governantes fazem questão de camuflar. Ao contrário de outrora, torcemos para que esses estrangeiros não sejam vitimados e voltem sossegados para suas terras. Mas não esqueçamos que eles querem a taça, ou seja, ouro, de novo.