Não torcer?

Todos numa só torcida, este é o lema da copa do mundo. Mas será que estão realmente todos nesta torcida?

Penso que como eu, que não faço parte desta torcida, por um motivo simples, não gosto de futebol e nem mesmo a copa do mundo me comove, como a euforia que toma conta da minha casa, do meu bairro, da minha cidade e do Brasil inteiro, e provavelmente existem outras pessoas apáticas a esta euforia, e que preferem, durante o jogo, ouvir boa música, ler um bom livro, ou fazer outras coisas prazerosas.

Não pensem que sou insensível ou antipatriota pelo motivo de não embarcar nesta euforia.

Quando meus filhos eram pequenos, eu tinha meu time do coração, e catequizei os pequenos com camisas e mochilas para que tomassem gosto e passassem a torcer por meu time.

Assim, convenci não a todos, mas pelo menos um para esta torcida.

Creio que muitos pais, desde o nascimento dos filhos, os doutrinam a torcerem pelo seu time do coração, não lhes dando opção de escolha. Em sentido inverso, abandonei o gosto que tinha para assistir a jogos tanto do meu time, como também da Copa do mundo.

A decepção por ver resultados nas finais que não combinam com a garra e o talento dos jogadores prontos a vencer e levantar o troféu fez-me abandonar a torcida.

Porém, ainda assim, torço para o Brasil vencer esta copa, para alegria geral. Nós, o povão, desesperançados de tudo que nos envolvem, seja na saúde, na educação, seja na segurança, vencer é um alento momentâneo.

Ainda que passageiro, é um tempo de esquecer as mazelas e se preparar para novos tempos. Sim, novos tempos, porque a copa vai passar e os velhos e novos problemas virão, juntamente com as eleições. Aí será um tempo de reflexão para poder votar certo, naquele que realmente merece o meu e o seu voto.

Mas, por enquanto fiquemos com a alegria das festas e comemorações deixando que a paixão vença o racionalismo.