A Gerente

Estamos vivendo em um mundo tão "sujo" que, a cada dia, nos tornamos pessoas mais frias. Precisamos urgentemente resgatar esse sentimento TÃO LINDO, que é o amor!!!!!

 
Olha, estou me coçando todo pra não revelar agora que a frase imediatamente acima foi dita por uma gerente de banco. E geral, pra melhorar. Mas o trecho onde diz que as pessoas estão se tornando mais frias, logo a urgência de se resgatar o sentimento do Amor, não permite que me traia, nem à razão que me trouxe a escrever o texto.

Zé, e Maria - nomes fictícios, claro - precisam saber desta.

Não falta vez - e o fato é mais recorrente que se pensa entre mais pessoas que se possa imaginar -, que tanto quanto Maria discutem comigo acerca de que Banco não tem coração. E não tem mesmo. E que só empresta dinheiro a quem prova que não precisa. E, de certo modo, é mesmo. Mas nada disso define que Banco não passa dum monte de concreto e papel empilhados.

Mas para que você entenda melhor o que andou nos levando, a mim, ao e à Maria, a contender sobre o Banco ser ou não ser passivo de raciocínio, de sentimentos, é preciso que saiba que tudo tem girado em torno de eu sempre tentar convencê-los de que se indo ao banco, e conversando-se sobre sua situação, seria sempre melhor que o limite duma operação, ou tentativa de operação, através da tão mal afamada, mas, na vida de muitos – a exemplo da minha, tão abençoada e imprescindível máquina, o tal do computador.

- Eu lá vou perder meu tempo...

Diz um.

- Duvido que mude alguma coisa. Não vou.

Retruca outro.

Sobre mudar, até que as vezes acontece de não mudar mesmo. Mas se considerado que gerente de banco é meio psicólogo/a, e que, em alguns casos, uma defesa verbal junto ao sistema, pode ajudar, vale tentar. Mas como você, quiçá, não está interessado/a em empréstimos neste momento, vamos em frente.

Mas não sem antes dar uma passadinha no fato de quê as relações humanas, as boas, desemboca tanto na sociabilidade com nossos iguais – gerente de banco é gente igual a gente -, quanto na hora da partida da gente, dessa pra uma, quem sabe, melhor, onde jamais se viu um caixão seguir rumo à seu destino, levado por nada menos que por seis pessoas, e que no caso de numero insuficiente o sujeito pode precisar da ajuda dos desafetos, que certamente iriam olhando pra cara do/a falecido/a, com o pensamento abarrotado dos mais impublicáveis desabafos.

- Ah, mas gerente de banco não é amigo de ninguém, diz Zé, diz Maria.

E não é mesmo. Pelo menos não dos que os vêem apenas como a um agente de suas melhoras, ou pioras, financeiras.  E é justo a isto que o texto quer reportá-lo/a: à lembrança de que você jamais deve se esquecer de que, até quando uma operação é negada, ela, a pessoa, a quem você chama de banco, está ali. E tem sentimentos, sim. Inclusive, ri, chora, é filho/a, esposa, marido; é pai, ou mãe, acalenta, amamenta. Até lava pratos...

Aliás, nem sei quantos somam, ou quais somam os que dão o presente, quando dão, à pessoa, ou ao gerente. Eu já dei aos dois. É importante registrar. Mas jamais por outra razão que não pelo reconhecimento do trabalho; pela representatividade do presente seja o indivíduo amigo ou não, como digo em O Espelho, - texto publicado aqui no Recanto das Letras -, ou pela identidade com o espírito, com a alma, como aconteceu, ou melhor, como vi testificado esta tarde, e que me trouxe aqui, a presentear certa pessoa com este escrito.

- Sim, mas há casos e casos: enquanto um presta o outro não vale nada. Além de quê, no fim das contas é tudo uma coisa só.

Insistem os dois, Maria e José.

Pois é, amiga Maria, pois é, amigo José. De fato. O problema, em dois atos, é que no primeiro pouco se lembra de certa passagem bíblica, onde se censurou a Jesus por Ele ter entrado na casa de certo cobrador de impostos, pessoa renegada pela população, para curá-lo de certa enfermidade. Quando se ouviu d’Ele, algo como o médico não visita os sãos, mas os doentes. O que, traduzindo, quer dizer que não devemos desprezar o trabalho (leia-se, o relacionamento) com os doentes da alma, mas ajudá-lo, com afeto, e não com animosidades, no avivamento do seu amor pelo seu próximo, e da boa relação. Ainda que estes não lhe emprestem dinheiro...

E no segundo ato, que não dá trabalho algum para abraçar a um banco, quer dizer, a uma gerente, ou melhor, a uma pessoa, que se sensibiliza com um texto de homenagem dum marido à sua esposa, telefonando para seu autor em seguida a ter escrito que “(...)Estamos vivendo em um mundo tão "sujo" que , a cada dia, nos tornamos pessoas mais frias. Precisamos urgentemente resgatar esse sentimento TÃO LINDO, que é o amor!!!!!", com este monte de exclamação, como quem quer afirmar, e afirmar, e garantir sua afirmação de que está sentindo deveras demais a falta de amor entre as pessoas, como nenhum banco, quer dizer, nenhuma pilha de papel e concreto do mundo seria capaz de expressar.

Até caberia discorrer que o banco, quer dizer, a pessoa, mas se ainda preferirem os amigos Maria e José, a gerente, além de boa alma, e ética, também sorri um sorriso contagiante como não se vê em toda família mas que se vê num banco; todavia será desnecessário se fechar o texto lhe dizendo que se trata duma mulher a quem se registrou como Millena Moura, e a quem, sem sombra de dúvida, e com muito prazer, um universo de gente já deve conhecer...

Singela homenagem à você também, que não se chama Millena, mas antes de ser um/a gerente de banco, é filha, ou filho, é pai, ou mãe, marido ou esposa, e que, tanto quanto o seu cliente, é, naturalmente, dotado/a de sentimentos...