O BOBO DA CORTE

Aqueles populares vítimas de deformidades físicas, como corcundas e anões, pagos para entreter a nobreza, diversamente como se pensa, foram pessoas com talento, sabedoria e sensibilidade para espairecer os outros.

William Shakespeare mais do que ninguém em suas peças (Em Rei Lear e A Noite de Reis) dava licença a essas pessoas para falar aquilo que ninguém ousa dizer tête-a-tête (cara a cara). Até os reis ouviam o que não queriam. No teatro shakespeariano, o público não ri dos Bobos da Corte; ri junto com eles. O Bobo da Corte geralmente, não usava meias palavras e, com ironia revelava as duas faces da realidade, mostrando as discordâncias íntimas e exibindo as aspirações do rei.

O bobo é também o personagem que dá nome à ópera Rigoletto de Verdi.

Em Rei Lear o “Bobo da Corte” é o maior conselheiro dos personagens.

Enfim, desapareceu no século XVII e inspirou a criação da 13ª carta do baralho, o coringa.

Mas hoje se dermos um espiadinha nos anais da história da humanidade e ao nosso redor, veremos que o Bobo da Corte sempre esteve presente entre nós passando muitas vezes despercebidos como um Fênix, que das cinzas reaparece em formas diferentes. Como um ilusionista com suas mágicas que parecem verdadeiras por alguns segundos, mas tudo não passa de um embuste.

Eles sempre existiram! Esses são os verdadeiros Bobos da Corte! Aqueles que olham o Universo e se veem o centro de tudo. Um egomaníaco que idolatra a si próprio. Esses se deleitam com a desgraça alheia. Um verbo transitivo de sentido incompleto que pede algum objeto para o seu “eu”.

São facilmente reconhecidos por utilizarem figuras de linguagem para esconderem a máscara de “Veneza”. A Ironia é a sua predileta. Sem falar do Pleonasmo, do Eufemismo da Hipébole.

Expressões faciais fechadas, hostilidade e mau humor são alguns dos atributos desses super espertos que tiveram como berço a ignorância – marca inapagável de nascença!

São prodigiosos na arte de disfaçar e atacar! Ferir a alma do próximo. Golfar o seu orgulho, etc.

Contudo, no fundo se esquecem do efeito bumerangue. Na prática receber de volta o que dão.

Mas, desde que o mundo é mundo....continuemos nossa vida em frente. E quanto a esse Bobo da Corte, um dia será lembrado, simplesmente, como um dia treze qualquer.

Estêvão Zizzi
Enviado por Estêvão Zizzi em 22/05/2014
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