Corredores da minha mente

Andei vagando nos corredores da minha mente sã, sem procurar por nada especificamente apenas observei os detalhes nos baús lacrados e quartos trancados guardando memórias felizes de um tempo que não lembrava mais ter vivido. São tantos departamentos, quase me perdi no que achei que fossem corredores...parecem mais labirintos.

Passando pela memória recente, mas aquela que não guarda somente lembranças...há nela emoções do momento que passou...voltei a remexer como telespectadora todas essas informações ainda desorganizadas e percebi o quanto lixo foi produzido sem necessidade. Poderia descartar muitos dos sentimentos guardados, hoje nem vale mais a pena armazená-los. O que teria pensado no momento em que eu mesma os criei?

Com certeza a sabedoria não estava presente...

Ando mais um pouco, mexo aqui mexo ali e volto a concluir...quanta coisa guardada, o que eu estava pensando?

....Com certeza a sabedoria não estava presente...

Na memória antiga, quanta cantiga...as lembranças transbordam felicidade...foi um tempo bom de verdade...

Pensei em todo cenário vislumbrado nos umbrais desse cérebro um pouco empoeirado..., porque que a sabedoria não estava ao meu lado?

No silencio absoluto da minha reflexão, escutei um barulho...de onde veio?

Olho ao redor e percebo que várias portas estão bloqueadas....lá estão as mágoas, irritação, estresse, precipitação, julgamento, falta de empatia, ansiedade, tristeza, rancor, remorso, pressa...todas elas entulhadas impedindo a abertura de várias portas...

Começo um trabalho de pedreiro tirando todos esses pesos pela curiosidade em saber o que há por tras das portas...como não me lembro?

Ufa, quando tirei o último entulho a porta abriu-se sozinha...

Vocês não acreditam quem eu encontrei...ali está ela...

Decidi entrar e ver melhor...a emoção me arrebatou. O lugar era tão lindo, sereno, senti paz no mesmo momento...poderia dizer que era o paraíso bem na minha frente...

Fomos apresentadas novamente (pela milésima vez), mas sempre parece ser a primeira!! Como pode?!!

Conversamos e tudo parecia novo, mas ela sempre esteve ali...tivemos inúmeras conversas em outros tempos...estou voltando a me lembrar...

Poxa...porque sempre a prendo com esses entulhos!!??

Pedi então se ela não poderia gritar quando estivesse presa, assim eu poderia lembrar de recomeçar a faxina...

Ela me respondeu...”Me encontro na serenidade da mente, quando o espírito está tranquilo e em paz, doutro modo não me acharás”.

Mais uma vez minha mente teve um momento de clareza, torci para que fosse eterno...e me despedi deixando a porta aberta.

Sei que ainda surgirão novos entulhos, mas numa obra ainda inacabada a solução é permanecer na faxina da reflexão interna...passando pela razão, emoção e voltando a visitá-la todos os dias. Não tranque sua sabedoria!!!