Crônica de mais uma noite sem dormir

Nos últimos tempos tenho escrito umas coisas. Uns sentimentos, uns pensamentos, algumas experiências e tal. Mas nesse momento estou aqui analisando o tanto que deixei de escrever. Não que eu seja um prodígio da Literatura brasileira que não vingou, muito longe disso. É que tenho apenas pensado no que poderia ter escrito, mas ficou apenas na minha cabeça.

Pode parecer bem confuso, mas algo que ocupa meu tempo é imaginar um conto, uma crônica qualquer, uma poesia. Deve ser coisa de maluco. Nas minhas muitas noites em que o sono demora a vir fico escrevendo mentalmente. E essa situação estranha me ajuda bastante. Imagino as histórias e consigo relaxar, aliviar a cabeça pra poder dormir. Isso quando essa imaginação não me inquieta e tenho que levantar pra escrever, como é o caso de hoje.

Algumas narrativas volta e meia reaparecem. Tem um conto em que um poeta mora num apartamento e acorda no meio da madruga, saí do seu minúsculo quarto, desce as escadas e chega à rua, lá começa a recitar poesias, acordando os vizinhos; ao invés do povo se queixar, os moradores começam a acender as luzes de suas casas e apartamentos, abrem as janelas e ficam apreciando a apresentação do artista. Muitos descem pra rua, juntam-se ao jovem poeta e começam a declamar poesias e variados textos, próprios e de outros artistas mais famosos, transformando o evento solo num sarau recheado de diversas opiniões e estilos. As pessoas numa euforia linda de ser ver, uma embriaguês poética da que sempre desejamos. Pra completar, a chuva aparece, despejando na cabeça e nos corpos dos poetas anônimos, lavando as ruas, a enxurrada a levar a poesia... Virou festa (chuva no Sertão dá em festa – esqueci de dizer que tudo isso acontecia numa cidade nem muito grande nem muito pequena do Sertão nordestino).

Muitas histórias se formam dessa forma na minha cabeça. Algumas retornam espontaneamente, outras puxo pela memória pra vê se consigo completar ou só pra lembrar como era mesmo e me satisfazer com o que tinha imaginado. Além de um bocado que foi pro esquecimento e nem sei direito no que pensei. Nisso que foi produzido mentalmente tem de tudo, mas tem me apetecido as poesias sensuais e contos eróticos. Fico viajando também nos meus pensamentos sobre política e sociedade, acho que já escrevi uns 3 ensaios e uns 7 artigos científicos (muitos risos).

Mas na boa, acho que todo mundo passa por isso, ou não? Fica imaginando histórias, situações, discursos, planejando coisas. Seria ótimo se escrevêssemos tudo isso. O que fiz agora foi apenas passar pro papel (computador na verdade) o que quase todas noites me consome. Foi só uma maneirar de passar o tempo enquanto alivio a cabeça após um dia cheio.