Crônicas de Enrique. Nº 1.

Meu nome é Enrique. Sim Enrique sem H. É que meu pai é Argentino e lá na Argentina se escreve sem H. Não é nada que me perturbe, já que o H é mudo. Então, quando falo, ninguém me pergunta como se escreve.

Era o menor dos filhos até pouco tempo. Minha mãe meu pai ficam muito tempo encerrados no quarto deles. Falam que estão estudando. Minha mãe faz pós e meu Pai faculdade a distância nem me perguntem o que é isso. Mas acho estranho, de tanto estudar vai chegar mais um irmão. Deve ser pelo empenho nos estudos.

Tenho dois anos, não sei escrever ainda, estou ditando pra minha irmã Bia. Ela está surpresa pelo meu interesse em contar a minha história já que, segundo ela, sou pequeno de mais pra ter o que contar. Frequento a escola desde meu ano e oito meses. A escola é boa, Motessoriana de Camaçari. Aprendo muitas coisas. Brincar, arrumar, lavar, brincar, sujar, limpar, arrumar, brincar e cantar. Cantar eu gosto. Canto muito.

Bom, vou direto ao ponto. O tema que me aflige é deixar de ser o queridinho. Tira-me o sono saber que um dia me dirão na cara. Ele é o do meio! Não, caçulinha é o outro! Ser o do meio parece um insulto. Sou o do meio com orgulho sim. Vou formar um movimento mundial dos irmãos do meio. O nosso lema será: No Meio está o Futuro ou No Meio há esperança.

Sei que meus pais vão me amar pra sempre. Mas eu vou me defender das injustiças que me esperam quando meu irmão nascer. Ele vai se chamar Fernando. Achei feio. Poderia ser chamar Enrique II, quem sabe assim ele ia saber em quem se espelhar, que exemplo seguir. Isso sempre eu admirei dos monarcas. Determinar o espírito e índole no nome.

Bom, fico por aqui.

Feder Palmer ( Federico Manchado )
Enviado por Feder Palmer ( Federico Manchado ) em 01/05/2014
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