Como explicar...

- Oi amigão, vc. está bem? Belo Pensamento e Pura Verdade. Não me esquece não, tá? Me dê notícias.

Tenho 52 anos e não me importo de dizer, de reconhecer, que ainda me emociono com coisas assim - e é principalmente depois de tanta estrada, com o tanto de mente má com que nos deparamos ao longo da jornada, que deve-se valorizar fatos como este. A frase que starta este texto, que encontrei ao pé dum pensamento publicado por mim aqui no RL – que versa sobre a Mudança ser, em muitos aspectos, o alinhamento da sobrevivência, e que quando aceita sem traumas não dá espaço para a indigestão, me causou até um tombo, tipo um susto bom, parecendo essas coisas que a gente sente quando recebe uma noticia gostosa seja lá sobre o que seja.

A autora, MAYMEL, jamais imaginaria que no momento em que me enviou o carinho, eu acabava de ler, em resposta a um e-mail muito franco que havia escrito a um, sobre outro amigo, aliás, uns amigos, já que se tratou dum casal, eu refletia sobre por quê a gente - porem, talvez, não tão comumente, desenvolve um carinho tão grande por um/a amigo/a que quase o/a conhece a apenas bem pouco tempo.

O amigo remetente tem meu mais profundo apreço, assim como tem o casal de amigos, que assim como ele, conheço a menos de um ano. No e-mail a este, o posiciono, inclusive, sobre o fraternal sentimento que desenvolvi pelo casal, com quem saio sempre para nos divertir, inclusive, indo, os três, a seu encontro, e da sua família, na sua propriedade. Entretanto, sentir carinho por alguém com quem se está convivendo, no dia-a-dia, mesmo que de conhecimento relativamente recente, não seria tão difícil, nem tão incomum, dado ao olho no olho diário.

Mas como explicar o afeto por alguém de quem jamais se esteve perto, fisicamente? Talvez contrariando aos que dizem que jamais será possível se conhecer sobre alguém a partir do que o sujeito escreve, dizendo o contrario, e mostrando o contrario.

E aqui vai: há algum tempo que li um texto seu, acho que Mensagem de um Idoso, e postei lá um comentário, dizendo da minha saudosa avó, que morrera aos 84 anos, e a quem eu, adolescente, saia cidade acima e abaixo, empurrando em sua cadeira-de-rodas – hoje também ando numa, e a agradecendo por ter me oportunizado aquela leitura. E só o fiz por que vi na pessoa que o escreveu, que não à toa tem uma flor no lugar do seu rosto, nada menos que uma criatura de alma sensibilíssima; que uma pessoa duma bendita e doce alma. E não errei, visto que me tornei freguês das suas obras, e que tenho trocado com esta, mensagens de carinho como fazem os irmãos.

Então, está aí: não volto à pagina daqueles cujos escritos não o testifiquem com minha identidade, literária, e de sentimentos. Portanto, está desmentido - e tem mais, abaixo -, os que tentam contrariar estes, que são fatos, incontestes, no meu compreender, de que pelo arriar das malas nada se pode conhecer sobre o viajante.

Mas a tampa da panela, como costumo dizer, não está no fato de ter me identificado - mesmo que “talvez ainda venha a ser contrariado por essa pessoa”, como pode haver quem diga, mas na confirmação do que foi se ampliando a cada texto seu que vinha lendo, até que hoje me deparo com essa enormidade de exemplo de afeto por um estranho a quem jamais se viu. O porque? Quem sabe, pelo que também ela, vinha lendo no que eu devo ter andado escrevendo, ainda que me considere um imperfeito.

Assim, como você, que joga no time do contra, se sairia dessa se lhe dissesse que choro a cada visita a muitas de suas dissertações, e que, mesmo não estando no computador, de quando em vez, penso em como ela está, e mais agora, me deparando com sua preocupação exatamente igual, referente a este pobre mortal? - Pode espernear, e encafifar, que não terá a resposta. Que esta é privilégio dos escolhidos – ou dos menos resistentes.

Agora, com a panela tampada, e fervida, te sirvo a comida:

- Eu sou assim, amigos: odeio mentiras, adoro animais, e pratico o bem sempre que posso. Se eu mudei? É claro, hoje eu me valorizo mais. Não deixo qualquer pessoa me atingir, não choro pelo que não vale a pena, não imploro o amor de ninguém, descarto falsidade, e não corro mais atrás de quem eu sei que não me quer por perto.

Sabe quem escreveu isso imediatamente acima? Uma pessoa sobre quem não se pode conhecer a partir do que esta escreve, como, quem sabe você, costuma atestar.

- Como? Ficou na dúvida de qual de nós dois seria o autor? Pois aqui vai uma dica:

Vai lá, no perfil dessa moça, que, como já disse, atende por MAYMEL, dá uma olhada, e depois, se te for possível, vem cá conferir o que há impresso no meu coração...

- Oi amiga, você está bem? Belo Coração, que só escreve da sua Verdade. Não me esquece não, tá? Me dê notícias...