Coisas

Coisas são apenas coisas e essas coisas estão espalhadas no chão, no meu piso, no meu quarto. Eu esqueceria todas as funçoes e caracteristicas de tudo se me fosse oferecido. Esqueceria o tempo, as coisas do tempo e você. Principalmente você e o tempo que me tirou. Eu te odeio, mas volta e leva meu tempo junto contigo, me leva na sua mente, na sua veia, e deixa. Me deixa derrubar essas coisas no seu chão, no seu piso, no seu quarto. Me torna seu quarto, dorme em mim, sonha comigo. Realiza nosso sonho, relembra nossos planos. Desenha o plano da planta da nossa casa. Eu construo, reboco nossa historia, pinto nossa calma, acendo nossa saudade. E apago as coisas que foram coisas, a coisa que atropelou nosso tempo. A coisa somos nós, caiu da parede o quadro espalhado, coisa destroçada que partiu teu sorriso no meio e o meu em mil pedaços. Pedaços teus, moldados por ti, maldita. Como o tempo, malditos. Não poderia dizer, não estou falando, você está pensando, remoldando o que quebrou, mas não pode e sabe que não, os pedaços não estão mais aí, eu sabia que seus olhos poderiam ficar mais verdes e eu sabia que veria. Tá guardado, todas as coisas, estavam até serem jogadas nesse papel com a cor tão parecida com a sua, clara. Você nunca foi clara, e hoje não te enxergo. Só a lua ilumina, mas a noite te apaga, e o tempo também.

Carmen Tina
Enviado por Carmen Tina em 22/03/2014
Código do texto: T4739900
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