Efeitos

Minhas costas deslizaram pela parede, enquanto eu tive certeza de que minhas pernas quebravam. Minhas mãos tao roxas e inchadas, procurando algo pra apoiar antes de afundar, inconsciente, quase sem respirar. O chao e meus pes acima dele, minhas pernas caidas por cima e minha mao sobre os olhos. A mesma dor que aquelas minhas semanas internadas. Apoiada, caida, por cima das pernas, encostada em alguma parede pelos cantos, desejando bater a cabeça até esquecer teu nome, esquecer tudo isso que eu quis aprender, esquecer que eu sabia o nome cientifico disso, e lembrar dos tantos livros que li nos corredores daquele hospital, em cima daquele lençol, alias, por isso escorreguei da parede ate o chao hoje a tarde. Mente perturbada, mente de alguem que, mesmo a base de qualquer escape, sabia o quao escura podia ser aquela cena. Dezesseis anos, caida, sorriso torto, olhos avermelhados, embriaguez, quase overdose, encostada na parede. Não teve overdose porque sabia que nao teria, sabia do 'quase'. Sabia toda a imagem que havia se colocado, bonita, talvez, aos olhos de quem tambem visse beleza em loucura. Louco, louca, não fora internada porque ja havia se prendido na pior cela que poderia. Caída, quem sabe adormecida, no gelado do piso.

Carmen Tina
Enviado por Carmen Tina em 03/03/2014
Código do texto: T4713085
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