Visita a reclusão.

Sábado ensolarado muitos pássaros comemorando o lindo dia com seus lindos cantos, também gente na rua comemorando o final de semana, para uns o churrasco já começa no sábado para outros ainda trabalho mas com um pé já no domingo.

Pessoas vão pro clube outras vão comprar ou vender, outras vão se ver...

Num belo dia destes, o Senhor toca toca o coração do cidadão, ele decide, vai visitar seu irmão; ver se poderia entender o ocorrido, se poderia ajudá-lo que fosse pelo menos com sua presença e solidariedade.

Começa o seu calvário, faz sua identificação para entrar (tem de estar limpo perante à sociedade), faz uma comprinha bem básica e também permitida pelo sistema para levar pro detento; acorda cedo e carregando aquelas sacolinhas vai até o ponto de ônibus, viaja uns 45 minutos e chega ao seu destino, lá já tem uma fila de mães, esposas, irmãs, irmãos e até cunhados. (Pai de detento é muito, muito raro, eles não gostam de ir a um lugar como aquele). cada um deles da fila uma história, uma tragédia, um drama, um erro, um arrependimento, um pedido de perdão...

O sol impõe seu poder, começa a queimar, é hora da revista; pra ele homem não era tão humilhante, mas pra'quelas mães, avós e irmãs...

Tira toda a roupa, agacha, levanta, vira de frente, vira de costas então pôde ir. Entra afinal no seu maior temor, a reclusão, grades muitas grades, ferro muito ferro, jaulas muitas jaulas, armas muitas armas enormes armas; choro, lamentações, preocupações enfim tristeza, é o panorama da cadeia.

Entra no pavilhão, numa quadra de futebol estão lá todos reunidos, sim todos, drogatícios, drogadícios, noiados, traficantes, ladrões, bandidos, assassinos, justiceiros e até injustiçados.

Os visitantes ora sentados em lençois esticados no chão ou andando em círculos com seu detento.

Ele tenta entender, pergunta ao seu irmão detento:

- O que fez para estares aqui?

- Aqui não é lugar de homem não viu.

- Aqui é o portão do inferno cara, não consigo passar mais que uma hora aqui dentro, me desculpe.

Ele responde:

- Armaram pra mim, "amigos" esconderam no meu barraco drogas e munições, aí deu no que deu "pra mim".

- Preciso da sua ajuda, me arrume um advogado, saque meu benefício, pague minhas dívidas, todas, traga pra mim se sobrar materiais de higiene pessoal, frutas, biscoitos, cuecas e pacotes de cigarros.

Quando saía daquela prisão, fitou novamente aquela senhora duns 60 anos, cabelos brancos como algodão, andava em círculos com um jovem que aparentava uns 19 anos agarrado ao seu pescoço, chorando...

Aquele detento seria mais uma vítima das MAZELAS da sociedade humana moderna? As drogas, a ambição, o falso poder, o falso status, o falso respeito, a falsa dignidade, o falso orgulho e o falso amor próprio?

Sergiominasgeraiss
Enviado por Sergiominasgeraiss em 24/02/2014
Código do texto: T4704249
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