O Souvinir

Ninguém jamais havia observado em mim o tamanho do amor que sinto por meu pai. A frase é tocante. Mas vou discorrer a respeito, tanto dela quanto sobre sua autora, um pouco mais abaixo; que antes algo precisa ser dito acerca dum certo lugar, que, tanto este quanto a filosofia que nele é defendido, e difundido, muito ainda precisa dito. E aqui vai mais um pouco.

Para quem já leu o texto Sem amarras, nem dor, e com prazer, é fácil deduzir o que sente uma pessoa, desde que aberta a absorver o muito que o Cosmos, o espírito de Deus, tem para nos oferecer, pois ao pisar os pés nas Ecos, do Parque e da Mata, a pancada é imediata. Foi assim comigo, tem sido assim com mais gente, e será assim com muitos outros que se permitirem tal experiência.

Não há pureza nas pessoas que estão, vão, e nem nas que criaram o projeto. Até por que está se falando aqui, de seres humanos. Mas essas pessoas, a priore, buscam nada mais nada menos, do que uma proximidade o quanto maior melhor, duma purificação das suas almas, e no seu viver. O que é, de forma intensa, oportunizado pelo Regente, e Agentes, daquele ambiente, e estes que, seguramente, são os mentores originais, de tudo ali, os quais são, definitivamente, quem dão as cartas.

Não escondo de ninguém que divide comigo o meu dia-a-dia, o que sinto quando estou naquele lugar, tão pouco escondo o fato de que se pudesse, se minha companheira já tivesse entendido o significado disto – para nós dois, já teríamos mudado pra lá. Mas o tempo não é meu, não é nosso. O tempo, frente a nós, é soberano. E por ele deve-se esperar – que o quê tiver de ser há de ser. Ainda que seja importante não desperdiçá-lo. Mas acompanhá-lo no que nos é cabido e possível fazer.

Mas voltando a essência do que me trouxe a escrever o texto, trago a você o pedido para que, se puder, explique – não para mim, mas para você próprio/a, porque eu, um sujeito de situação, no mais amplo dos sentidos, tão resolvida, tido como a um cara a quem se pode pedir um conselho por se tratar d’alguém com muita experiência de vida, ao acordar no alvorecer duma certa manhã nos últimos dias, ao me transportar em espírito para aquele ambiente, quando ainda deitado, entrei num choro copioso, quase convulsivo, que até despertou preocupação na esposa. Esta que bateu a foto do momento.

Dá para imaginar a que conclusão uns ou outros chegaram.

Porem, antes de continuar, muito oportunamente, é cabido registrar que, tanto eu quanto você, que freqüenta tal lugar, vê no dia a dia, de um tudo, mas não com freqüência, o que é natural dali, alguém lhe perceber como a uma pessoa especial. No entanto, aqui fora, é comum sermos julgados e condenados por aqueles que, inclusive, não permitem seu anjo bom se sobrepor ao mal. Mas que nos tem como verdadeiros diabos.

- Quanto é isso?

- Xis reais!

- Quero dois. Que vou levar um pro meu pai.

Roberta estava na lojinha de souvenir que há no Eco-parque da Mata. Ao seu lado estava o Waldo, fundador do espaço e defensor da purificação da alma pelo viés naturista – que tem a nudez voluntária, pelo menos lá, como uma fagulha da filosofia. Mas ela não notou o que se notou, ou o quanto deve ter resplandecido sua face, ao citar o nome do pai, e de ter lembrado de levar a lembrança do lugar justo para o pai e não para um irmão, ou um amigo comum.

Não só comigo ou com Roberta, aconteceu ali muito do novo, do diferente que estávamos acostumados a viver. A timidez, talvez, não deixa alguns, que tem a sensibilidade aflorada, se manifestarem das maravilhas que viveram, sobretudo de forma individual, no espiritual e no mental, mas terem vivido é um fato.

Comigo, a princípio, as experiências foram transcendentais, mas para essa moça, autora da frase que abre este escrito, conforme eu soube, pelo pranto que disse que estava derramando, quando, dias depois, por telefone, ouviu do Waldo sobre a emoção que lhe causara com aquela atitude, envolvendo seu genitor, quiçá, supera as barreiras do sobrenatural. Pelo menos do ponto de vista do que se devia ter compreendido e percebido dum sentimento filial, mas que jamais fora observado por ninguém por toda uma vida.

Até se entrar no Eco-parque da Mata...