Jesus, eu e Bob

Em 2003, quando ainda trabalhava com representação no setor de construção civil, vendendo areia, brita e agregados, passei a acompanhar e me tornei um ouvinte assíduo, no horário que se estendia das 9:00 às 10:00, do programa dirigido pelo padre Marcelo Rossi, “Momento de Fé”.

Continuo, como sempre, sem me comprometer com qualquer que seja a religião. Me apeguei a esse encontro sistemático com o padre, porque em um dos blocos do programa, ele nos leva a um outro muito mais especial; ao encontro com Jesus. Nessa parte o padre nos conduz, a um estado de relaxamento, nos enviando a essa viagem até o filho crucificado do Pai Celestial. Quase sempre se dava, em um mesmo lugar, um jardim. O mais belo, luminoso e colorido que se pudesse imaginar. No centro, ou em um canto especial, sempre Jesus a nos esperar. Nunca fiz essa viagem, que não acompanhado do meu parceirinho, meu filhote, meu filho, o Bob, nosso cãozinho, meu e de Sônia. Sempre me pus nos braços de Jesus, e lhe entregava minha vida e todo o peso, e bagagem. O Bob, esse chegava aos saltos, eufórico, elétrico e sempre feliz, demonstrava toda a sua alegria, com lambidas lânguidas no rosto de Jesus. Jesus o esperava ansioso todos os dias, para rolarem juntos na grama.

Às vezes padre Marcelo nos levava por outras estâncias, para um panorama diferente, uma praia, o trono de Deus no céu, ou até mesmo, nos trazia em visita à nossa casa, o próprio Jesus. Foi assim naquela manhã...

Padre Marcelo dizia, que imaginássemos estar em casa, na sala, (eu estava no escritório) e que assim sendo, ouviríamos um batido na porta e atendêssemos. Seria Jesus! De fato, era. Abri a porta e a sala foi invadida!!! A cada passo de Jesus, toda a casa era dominada por aquela luz intensa, infinita, que se estendia por todos os cômodos, e fugia pelas janelas e portas, subindo pelas paredes do prédio, e dominava todos os outros apartamentos, onde acalmava e curava tantas outras almas e corações. Eu conduzia Jesus pelos aposentos, pela cozinha, banheiros, apresentava minha mãe Sílvia, meu irmão Cláudio, e Sônia, minha mulher. Como se fosse preciso. Como se ele já não conhecesse nossa casa e cada um de nossos corações.

O Bob estava lá, sempre ao nosso lado. Mais abaixo, mas sempre junto. Tão pequeno que é, quase passaria desapercebido, não fosse por seu comportamento um pouco dominador, quando em seu território. Ele é mesmo um tarado. Não pode ver uma cadelinha, uma perna, ou um braço passando em visita, ele se assanha mesmo! Hoje, sem fazer ao menos 4 anos, já é pai de dez. Se braços e pernas reproduzissem, com certeza, ele já haveria povoado novamente a Terra com suas crias. Seriam em alguns casos, filhos ilustres, ou até santos!!! Pois quando Jesus adentrava nossa casa, o Bob escalava suas pernas, sem medo algum da condenação eterna, e da danação que esse ato obsceno poderia causar. Jesus nunca negou nada ao seu amiguinho afoito, apesar de ter tentado se livrar do capetinha, jogando a perna de um lado para outro, num movimento pendular. Acabou sendo bom! Pois enquanto Jesus se sacudia, espalhava muito mais luz pelos cantos. O pequeno se satisfez. Ele vive entre nós, sem castigo, e cheio da mesma saúde.

Agora mudamos. Eu, a Sônia e Bob. Mudamos para um barracão, próximo do apartamento de minha mãe. Uma única coisa, ainda continua a mesma lá em casa: Buda, Gandhi, Madre Teresa, o Papa! Qualquer um que chegar, o Bob não perdoa! Até Jesus, que ainda nos visita, pra ele é Genésio.

NOTA: período 2002-2008

Cassio Poeta Veloz
Enviado por Cassio Poeta Veloz em 13/01/2014
Reeditado em 10/02/2014
Código do texto: T4648012
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