O Vendedor de Livros


 
Quem vende livros merece o paraíso. Deve ser reverenciado. O leitor, que se apropria desse bem, usufruindo o prazer que a leitura proporciona, seja em longos passeios por campos floridos; seja em viagens interplanetárias; ou em doces mistérios e até mesmo em eventos trágicos tem o dever moral de gratidão por esse profissional.        Nos livros conheceu a vida nas profundezas dos oceanos; regozijou-se com os orgasmos dos amantes; soube de descobertas científicas, riu, chorou e tornou-se uma pessoa melhor. Sob certos aspectos todos os livros são de autoajuda.
   Juvenal, o protagonista desta História (com H mesmo), como o título indica, vende livros em uma livraria X. Ele gosta do que faz. Acredita estar contribuindo para a evolução da humanidade. É um vendedor exigente. Faz questão de orientar o leitor, o que o leva, às vezes a perder vendas.
  Seu Aprígio é cliente de Juvenal. Seu melhor cliente. E paciente. Porque haja paciência para ouvir Juvenal, que no começo da relação, não tinha a menor ideia dos conhecimentos literários de Seu Aprígio, professor aposentado.
   O velho e bom Aprígio ouvia, respeitosamente, seu melhor livreiro. Vez ou outra fazia algum comentário sutil.
   Juvenal não era um vendedor comum, que só pensa no lucro. Sentia prazer ao ver o cliente examinando a prateleira, conferindo títulos. Prazer maior quando o leitor folheava, lia orelhas. Alegria ainda maior ao ver a decisão do cliente, comprando um livro de sua indicação.
  Depois de uns dois anos de amizade com o professor Aprígio, compreendeu que aprimorara seus conhecimentos e o gosto pelos livros por meio do seu melhor cliente.
   Honesto consigo próprio, Juvenal pediu a seu Aprígio para dar-lhe aulas de literatura. Duas noites por semana, terça e quinta, das 20h às 22h é hora do vendedor de livros ir à aula.

   Quanto ao escritor...Ah, isso é apenas um detalhe.


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