SEXO TOTAL

Ando meio confuso ultimamente, sem saber se acredito no resultado de certas pesquisas. Não me refiro às pesquisas pré-eleitorais ou àquelas que enaltecem os feitos dos nossos governantes, sabidamente manipuladas. Refiro-me, isto sim, às pesquisas ditas científicas, na área de saúde, que hoje dizem uma coisa e, amanhã, outra. Cito como exemplos o tomate, o café, o ovo e o chocolate, que passaram de vilões a mocinhos em poucos anos. Em sentido contrário temos a margarina e o adoçante, que já foram os queridinhos de uma mesa saudável.

Até aí, tudo bem. Nada disso prenuncia uma drástica mudança de hábitos, senão pequenas adaptações.

Mas agora tenho em mãos duas pesquisas que chegaram a conclusões opostas sobre um tema que afeta a todos nós: o sexo. Aliás, sem ele nem existiríamos. Explico: o Centro Médico Universitário de Utrecht, Holanda, divulgou um estudo segundo o qual a prática do sexo induz um súbito aumento da pressão arterial que tem 5% de chance de provocar um AVC. É uma possibilidade considerável, broxante, que traz uma mensagem subliminar: o sexo mata. Assim, na hora do acasalamento, o zangão já parte pra cima da abelha rainha sabendo que essa pode ser sua última cópula.

Do outro lado, as Universidades Queens (Irlanda) e South Wales (Grã Bretanha) anunciaram que os homens com vida sexual ativa (certamente também as mulheres) vivem 30% mais que os inativos. Tudo porque “a sensação de bem-estar pós-orgasmo diminui a pressão sanguínea, aumenta a circulação e combate o colesterol, evitando o infarto ou derrame”. Portanto, aqui, sexo é vida.

Diante dessa encruzilhada eu pergunto: e agora, José? Afinal, aumenta ou diminui a pressão? Faz bem ou faz mal? Sinal verde ou sinal vermelho? Os doutores precisam chegar logo a uma conclusão porque – lembrando Ricardo Gondim – eu tenho mais passado que futuro e não me sobram muitas jabuticabas na bacia. Não posso desperdiçá-las.

Ainda segundo essas universidades, os homens que fizeram sexo mais de três mil vezes (no mínimo duas vezes por semana) “têm 50% menos chances de desenvolver câncer de próstata” do que o resto da galera. Do que se conclui que ator pornô nunca vai ter câncer de próstata.

Ora, por que não me falaram isso antes? Por que não me disseram que havia um ranking ou fodômetro, como um programa de milhagem? Eu não contabilizei meus pontos ao longo da vida (até porque a qualidade sempre me interessou mais que a quantidade) e, consequentemente, desconheço se já conquistei esse bônus de 50%.

Também não dá para voltar no tempo e fazer uma recontagem de votos. Mas é possível acionar a memória, apertar o botão replay e reviver cada beijo, carícia ou abraço de minha amada com a mesma intensidade como se eles fossem dados hoje. É o quanto basta para superfaturar essa estatística e aumentar minha expectativa de vida. Afinal, como escreveu Guimarães Rosa, “se lembro, tenho”. Com isso, mando às favas tais pesquisas.

Pereirinha
Enviado por Pereirinha em 09/12/2013
Reeditado em 18/01/2017
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