Um Novembro a Mais - IV

18 de fevereiro de 2006.

Eis-me de volta à terra alencarina, trazendo n’alma as melhores lembranças dos anos em que morei em Sobral, a Princesa do Norte. Aprendi a amar essa cidade, desde criança quando ia visitar meus tios e primos que residiam no Grande Hotel. Meu tio era o proprietário e morava com minha tia e dois filhos no mirante, um apartamento que ficava no terceiro andar. A primeira vez em que visitei Sobral, contava apenas quatro aninhos e fui com minha tia em um automóvel ‘Ford’ de cor preta, de um amigo de meu pai – Sr. Luís Cunha. E durante o percurso, ia ouvindo pelo rádio do carro, a música ‘Sempre no meu coração’, não esquecendo até hoje. Não conto as vezes em que ia fazer compras, cursos, consultas médicas, assistir bons filmes, coisas que eram difíceis em minha cidade. O meio de transporte era o trem que fazia a linha de Camocim a Fortaleza. Depois, surgiram transportes particulares que vendiam passagem ‘ida e volta.’ Fiz meu primeiro vestibular, com aprovação, na UVA onde cursei o Básico de Letras, transferindo-o, quando vim em 1973, para a UFC.

Como já havia falado, após 25 novembros em que estava em Fortaleza, fui para Sobral onde morei durante nove novembros. Onde fiz meu curso de Pós Graduação em Letras; onde tive o prazer de lecionar Inglês e Religião na Escola Prof. Luís Felipe em companhia de competentíssimos corpos administrativo e docente, para cuja escola fui incumbida de compor o Hino; onde comprei uma boa casa no bairro do Junco, com direito à brisa suave que vem da serra da Meruóca. Por vezes, ao abrir a janela pela manhã, deparei-me com uma neblina tão espessa que não visualizava a rua paralela à minha. Adorava ficar ali, ao sabor da brisa carinhosa que me passava pelo rosto. Naquele dia, 18 de fevereiro de 2006, após visitar cada compartimento, às 5:hs da tarde deixei minha casa. Aos prantos, orava agradecendo e glorificando a Deus por aquele presente que me concedera e que me fizera tão feliz!

Estou aqui na capital, há quase oito novembros. Aposentada, não tenho mais horários a cumprir, passando a maior parte do tempo em casa, aproveitando para escrever meus textos onde extravaso meus sentimentos de saudade, (sou saudosista sim), porque do futuro nada sei nem posso mais ter muitas expectativas pessoais.

Este período está sendo, não me resta dúvida, de realização pessoal pelo fato de, há muito, acalentar o sonho de publicar minhas ideias e somente agora com a Internet, a maior invenção tecnológica dos tempos atuais, posso culminar essa aspiração. Sinto-me feliz em ter sido recebida no “Recanto das Letras” com um gentil ‘Seja Bem-vinda’ e ter uma escrivaninha em que posso publicar e refazer meus textos sempre que preciso. Sinto-me feliz por ter conhecido uma brilhante e competente plêiade de poetas, com quem tenho aprendido as melhores referências culturais em termos poéticos e compartilhado de sua companhia amiga e sadia. Estar no “Recanto das Letras”, é sentir-me agraciada com o perfume das flores, com a sutileza da brisa, com a volubilidade do vento; com a beleza das águas, o fulgor das estrelas, a beleza da lua, a maciez das nuvens, a magnificência do sol, tudo o que é belo e que possa ser registrado pelas palavras mágicas dos escritores e poetas: é ter o prazer de receber os amigos leitores em minha escrivaninha e ter seu parecer sábio e precioso.

Registro aqui um lugar agradável, de alto nível cultural onde tenho o prazer de publicar meus textos. Trata-se do “Bric-à-brac” blogs-pot do escritor e poeta Vicente Araújo Freitas a quem dirijo palavras de gratidão, pela delicadeza e finura com que me acolhe. Graças a ele, pude registrar a memória de meus pais, visto minha mãe ser filha de Bela Cruz do Acaraú, sua terra, com a qual tenho afinidade desde criança quando visitava meus avós maternos. A ele todo o meu apreço.

Nesse período, tive a oportunidade de participar da Antologia Nacional de Poesias Encantadas III, IV, V e VI, de Luciano Becalete, com um poema e um soneto selecionados em concurso. Vejam:

* Apelo ao Vento

Ó ventos, nesta data brasileira,

Desfraldem, com fervor, nossa Bandeira!

Percorram terras várias e distantes,

Levantem sua voz pelos quadrantes.

Decantem a beleza de suas cores

E a importância vital dos seus valores.

Implantem honradez, soberania,

O respeito e o amor, cidadania.

Que não esmaeça o verde exuberante

À ação da fuligem oxidante.

Não brilhe noutros ares, cobiçado,

O tesouro-losango iluminado.

O azul que tinge o mar e reflete os céus,

Receba, carinhoso, o olhar de Deus.

E o lema que conduz nosso destino,

Honrado seja e soe igual ao hino.

Ó ventos! Nesta data brasileira,

Desfraldem, com fervor, nossa Bandeira!

Que tenha nossa gente “paz” e “glória”.

Somos pedaços vivos desta História!

*

* JESUS NAZARENO

Naquele tempo, um homem diferente,

resplandecente ser, poder e luz,

impressionou os povos do Oriente

pelo saber e exemplo. Era Jesus.

Ao ensinar a fé e a perfeição,

da Galiléia a Jerusalém

o Nazareno abriu Seu Coração

e semeando amor, só fez o bem.

Ao retornar ao Pai do céu, no trono

em que refulge, o nosso Salvador

não desprezou Seus filhos no abandono,

nos enviando o Espírito do Amor.

Há dois mil anos, reina e é Patrono,

formando um só rebanho e um só Pastor.

*

Adicionei, hoje, 07/11/2013, mais um novembro ao calendário da minha existência. Agradeço ao Pai do Céu o ter-me conduzido, até aqui, com toda a benevolência de Seu coração misericordioso, em companhia da minha família, de meus amigos, protegendo-me, abençoando-me com os dons do Espírito Santo, ajudando-me a vencer as intempéries com que me deparo a cada instante. A Ele, toda honra e glória!

Quantos novembros? Ah!... Foram tantos que perdi a conta!... Agora conto os dias: Obrigada, Senhor, por MAIS UM DIA, na esperança de um novembro a mais.

*

Maria de Jesus,

Fortaleza, 07/11/2013

PS. O próximo "UM NOVEMBRO A MAIS" - V- VOCÊ ENCONTRA NA PÁGINA 05 EM FORMA DE POEMA, NO ESTILO "LUXSONS" . SEJA BEM-VINDO (A). Maria de Jesus.

Maria de Jesus
Enviado por Maria de Jesus em 03/12/2013
Reeditado em 20/10/2022
Código do texto: T4597480
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