MÁRCIA E SEUS SEIOS SILICONADOS

Márcia tinha um tremendo complexo em relação aos seus seios. Eram pequeninos como dois ovos... fritos.

Nem tinha vontade de namorar. Embora a cinturinha fina e o bumbum arrebitado, na hora de tirar a blusa... Morria de vergonha de seus peitinhos.

Para disfarçar, costumava comprar sutiãs com enchimento. Conseguia um pequeno sucesso com os rapazes até a hora que os botões de sua blusa começavam a ceder espaço a dedos curiosos.

Certa vez conheceu um belo rapaz numa festa de quinze anos. Era bem do tipo que ela gostava. Alto, magrelo, olhos verdes, um verdadeiro gato. Rolou uns beijos e uns abraços e acabaram esticando o programa depois que a festa terminou.

Bem naquele dia Márcia tinha exagerado no enchimento do sutiã. Parecia que tinha duas turbinas debaixo da blusa. Aqueles dois faróis iluminavam o escurinho do motel.

Rodolfo olhava com gulosos olhos para aquelas duas montanhas que se escondiam sobre a blusa de Márcia. Era o que ele mais admirava numa mulher. Adorava seios fartos, pontiagudos, salientes.

Rolaram pela cama entre abraços, beijos e suspiros. Ele, já sem roupa, começou a despir lentamente a bela gatinha. Tirou os sapatos, as meias e a saia. Num ritual extremamente sensual, iniciou a abertura dos botões da blusa lentamente. Queria curtir cada segundo até chegar no ponto em que ele mais admirava numa mulher: os seios. Ah, os seios!

Quando introduziu as maliciosas mãos por dentro do sutiã encontrou apenas a espuma do enchimento e quase mais nada. Decepcionado, olhou para Márcia e de forma cruel decretou:

- Vocês mulheres adoram enganar os homens. Cílios postiços, unhas postiças e agora peitinhos insignificantes cheios de enchimento.

Levantou-se e pediu que Márcia se recompusesse para irem embora.

Márcia segurou o choro. Resolveu dar o troco:

- E você, por que não usa enchimento nas suas cuecas?

Chegando em casa, Márcia não se conteve. Resolveu se vingar no sutiã. Arrancou o enchimento entre salgadas lágrimas e sentidos soluços.

Naquela noite não dormiu. Beliscava seus seios com raiva. Por que não fora agraciada pela natureza naquela parte tão admirada pelos homens?

Na segunda-feira, chegou com cara de choro no serviço.

- Que cara é essa? Era Sonia, a secretária do presidente curiosa em saber o que se passava com Márcia. Coincidentemente, era uma mulher de seios opulentos, com bicos salientes, cheios de graça.

Márcia contou decepcionada a ocorrência com Rodolfo.

-Faz que nem eu. Coloca silicone.

- O que? Você é siliconada?

- Claro! Tinha o mesmo problema que você: peitinhos pequeninos. Coloquei e resolvi meu problema. Você precisa ver os olhares cheios de desejo que desperto com meus seios.

À noite, deitada em sua cama, Márcia decidiu que já era hora de fazer alguma coisa. Não queria mais ter complexo por causa daquelas duas coisinhas que carregava.

Semanas depois, já estava com a cirurgia plástica marcada. Não via hora de estampar um par de seios de fazer inveja às suas amigas.

O resultado foi excepcional. Em pouco tempo lá estava ela satisfeita ao passar pelas ruas e ver expressões maliciosas e de desejo dos homens que passavam. Teve um até que lhe chamou de peituda. Que orgulho.

Numa tarde cruzou com Rodolfo que a olhou com desprezo.

- Continua enganando a torcida, hem?

Ela não se conteve. Ergueu a blusa e exibiu aquelas duas maravilhas. Rodolfo, estupefato, ficou com água na boca.

- Mas não é para seu bico, ela sentenciou.

Sentiu-se totalmente vingada, satisfeita e orgulhosa.

Chegando em casa, abriu a gaveta onde guardava as calcinhas e os sutiãs e olhou com desprezo para aquelas peças antigas que usava quando era despeitada. Trinta e oito, meu Deus. Trinta e oito. E pensar que agora uso quarenta e seis.

Num cantinho da gaveta, envergonhados, jaziam os velhos sutiãs cheios de inveja daqueles novos que tinham acabado de chegar.

Depois dizem que o primeiro sutiã a mulher nunca esquece. Mentira! Márcia tinha acabado de jogá-los num saco de lixo. Pobrezinhos, tão desprezados por ela.

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