UM recorte de uma madrugada qualquer no subúrbio carioca (uma repetição).

Outra noite, mas é a mesma mangueira lá fora, aquelas mangas vistosas já foram pegas pelo porteiro e a dona do tereno já reclamou com o sindico, enfim só lhe restaram os cabos dependurados e sua copa cheia. Faz um tempo gostoso, nessas últimas noites tem corrido uma brisa no início da madrugada, mas percebo que só eu durmo com as janelas abertas, logo no primeiro andar. Todos trancafiados em seu quartos abafados com suas grades fixas ou retráteis. Mas eu não.

Já tive muito cagaço de dormir com a janela aberta, bem moro no Rio de Janeiro e a TV só me fala dos bandidos do crime, não me falam das pessoas salvas dos incêndios por estarem com a janela aberta, mas não é nem por uma coisa nem outra que hoje em dia mesmo com chuva eu durmo com ela aberta. Eu quero o vendo e pela manhã sempre entra uma luz bacana no quarto, a melhor luz do dia. Me recuso a perde-la com janelas fechadas e cortinas.

Seu ladrão que seja bacana e não entre aqui, bem também não vai ser uma janela de vidro simples que impedirá seu impeto. Mas se for pra ser que ele faça seu serviço de boa, sem sacanagem.

Mas hoje o céu está todo encoberto, acho que se for ele vai deixar para um outro dia, vai preferir ficar do lado de sua mulher, pois do amanhã ninguém sabe.

Essa noite aqui só serei eu, nem ouço o som dos morcegos, a chuva da noite passada levou consigo a marca das cagadas deles da janela, nem consigo pensar em muita coisa, com esse céu fechado alaranjado, não consigo pensar em nada muito "ahg!". Ponho pra tocar King Krule, colocaria qualquer coisa, só pra não ficar só com o silêncio dessa noite, pois hoje os Morcegos estão acoados e eu também.

Max Olivete
Enviado por Max Olivete em 08/11/2013
Reeditado em 08/11/2013
Código do texto: T4561721
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