Tricô Político

Eu não sei se o pior é ser surdo ou ensurdecer politicamente. A mesma dúvida aplica-se para o fato da cegueira. A verdade é que, diante de determinadas notícias, o melhor é, sei lá...

Não é possível que o povo, na era das manifestações, não preste atenção às sutilezas políticas.

Houve época em que eu me dizia petista de bandeira e carteirinha. Hoje, sinto um desconforto em citar qualquer partido político e penso que não ter ou não ser simpatizante de qualquer um deles é a exata medida do bom senso.

Não consigo acostumar-me à ideia do tricô político. Em São Paulo, o atual prefeito Haddad queria ver aprovada a lei que autoriza o aumento do IPTU em 30%. Como integrantes do PSB, ao comando de Kassab, votaram contra, alguém, não sei de onde, fez surgir, na mídia, a mais recente descoberta do Ministério Público:corrupção na Secretaria de Finanças da Prefeitura de São Paulo. E os envolvidos, como por milagre dos deuses do Olimpo, ninguém mais que o pessoal de confiança do antigo prefeito.

Enquanto isso, na festinha do programa assistencialista do governo federal - o bolsa família -realizada na cidade governada por Haddad, o ex presidente Lula tecia críticas à ex integrante do seu governo e principal opositora de Dilma para as próximas eleições, Marina Silva. Ao mesmo tempo aproveitava a festança também para o marketing político da atual "presidenta'.

O mais duro de todo esse tricô é que, no final das contas, eles todos vão juntos à pizzaria, com o nosso dinheiro, é claro, para comemorar e o povo assiste pela tv à tal comemoração.

Não tenho preferência por este ou aquele político. Minha escolha é sempre pautada pelo compromisso público e história do candidato. Também não acredito que protestos iguais aos recentes, repletos de quebra-quebra e destruição, sejam o caminho. Nossa arma mais potente, por incrível que pareça, continua sendo o bom e o velho voto.

Votar com consciência, analisando o passado de cada um dos candidatos, antes do pleito, e cobrar, incisivamente, o eleito pelas promessas feitas em época de campanha ainda é a alternativa mais viável e segura. O povo necessita de uma reeducação nesse sentido, pois só assim poderemos, definitivamente, afastar a surdez e a cegueira características da maior parte da sociedade brasileira.