VEXAME EM FOZ DO IGUAÇU

Já paguei muito mico em minha vida, é verdade, mas o último não foi propriamente um mico, foi um verdadeiro Gorila, ou melhor dizendo, um autêntico King Kong, haja Deus!

Depois dos atentados de setembro de 2001, o pânico e o medo de atos de terrorismo espalharam-se pelo mundo. Uma tesourinha de cortar unhas é vista como uma arma letal de grande potência. E um cortador de unha? - Atenção todos! Quietos em seus lugares. Não se mexam ou sacarei de meu cortador de unhas e não sobrará ninguém pra contar o que aconteceu.

Dia destes voltava esta figura que vos escreve da bela cidade de Foz do Iguaçu. Estávamos em um grupo de 35 pessoas que faziam parte de nossa Associação de aposentados ex-empregados da privatizada TELEPAR. Além de nós, é claro, muitas pessoas se acotovelavam no espaço mais ou menos exíguo para despachar suas malas. Como fui um dos primeiro de nosso grupo a terminar o check-in, ausentei-me pensando em comprar uma água mineral (haja Deus, novamente... R$ 6,00 a garrafinha, mesmo assim metade do que custa no lado argentino das cataratas).

Fui chamado pelo sistema de som. Sabe que meu nome até que soa bonito nos alto-falantes?

No balcão a atendente da GOL avisou-me que minha mala estava fazendo barulho e que eu não poderia despachá-la sem resolver o problema. Seriam as notas das compras gritando por que gastei demais? Ou alguma brincadeira do Abel, aquele cabrinha safado doido pra aprontar alguma? Ou a simulação de um ato de terrorismo daquele basco chamado Aramburo? Se ele não foi membro do ETA, tem cara. Olhei a Nilda, a Mercedes, o Casagrande, a Dulce e mais alguns e todos estavam com carinha de santinhos, o que aliás é mais preocupante.

Resolvi enfrentar a questão. Passei a mão na mala e de joelhos comecei a retirar as meias, cuecas, camisetas e as muambas para descobrir de onde vinha o barulhinho esquisito. Não foi difícil. Quando peguei a caixa do papa-bolinhas senti a mesma vibrar em minha mão. Sorri, vitorioso e levantei-me com a caixa na mão.

Aí aconteceu o pior... Lá na fila, no meio da multidão, minha mulher, gritou a plenos pulmões:]

- MEU DEUS! QUE VERGONHA!!! É O VIBRADOR DO CLEOMAR.

Um alarido se espalhou por todo o saguão. As gargalhadas ecoaram e abafariam o som das cataratas caso estivéssemos no mirante da Garganta do Diabo. A mocinha da GOL colocou a mão na boca para esconder o sorriso. Dois garotões que estavam atrás da Fátima se puseram a rir olhando para minha cara. Vexame total.

Olhei para a mala e a medi de um lado a outro imaginando se eu caberia ali dentro. Se coubesse, daria um jeito de fechar o fecho éclair e dizer para a atendente da GOL: - Despacha! Frete a pagar no destino.

Como não teve outro jeito, fui saindo de fininho, com muito cuidado para não balançar os quadris.

Fátima, você me paga.