A beleza na morte.

Hoje, vi a visita da morte de perto.

Em frente ao meu trabalho para ser mais precisa.

Poderia ter sido apenas uma vida que se se cruzou com a minha.

Mas era minha paciente.

Apresentava várias comorbidades que já indicavam que seu óbito era iminente.

Possuía andar e fala prejudicados, mas era feliz e bem cuidada.

A visita mórbida evidenciou um semblante tranquilo.

Prestar meus sentimentos ao seu marido, só confirmou o meio de amor de sua vivência.

Sua gratidão era imensa pela assistência que a nossa equipe de saúde deu para sua amada em vida.

Era nítido o quanto aquele homem a amava e a cuidava.

Sempre ao seu lado, mesmo em meio as dificuldades da doença.

Seus olhos eram tristes pela dor da saudade e de sua boca só saia o mesmo sentido em repetidas palavras: ele nunca a deixaria de amar.

Mas saber que seu fim havia sido precedido de momentos de partilha simples de quem mesmo com dor expandia alegria...era conforto no meio daquela angústia sufocante.

O amor ali transcendia a matéria.

Ele sabia que compreender sua partida era o mais justo em meio a tanta dor física.

Demonstrações de amor assim fazem a gente ver beleza no meio do luto.

Que o fim também pode ser bonito.

Essa finitude leva a gente a refletir sobre nosso papel no mundo.

É interessante ver que quando andamos bagunçados, uma força maior sempre manda alguém para nos sacudir e desvendar nossas limitações. 

São nossos anjos da guarda terrestres.

Dona Fulana foi sacudida por Seu Fulano e se foi feliz pelas pequenas vitórias que conseguiram juntos.

Foi em paz Dona Fulana, ficou em paz Seu Fulano.

E se renovou a minha fé no encanto da alma humana.

Admirável presente do dia dos médicos!

Angela MT Melo
Enviado por Angela MT Melo em 21/10/2013
Reeditado em 21/10/2013
Código do texto: T4535804
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