RIMAS DO MEU BRASIL (Publicada hoje na Tribuna da Bahia)

RIMAS DO MEU BRASIL

Tambores, coreografias, ritmo, e no peito verde e amarelo o orgulho: sou brasileiro! Esse é o ideal de sentimento que deveria florir o nosso sete de setembro. Mas ao invés disso , o que vemos? Cidadãos cabisbaixos, temerosos, inseguros do amanhã; ou aqueles, cujo temperamento não permite a apatia, que se lançam à violência desmedida num ataque coletivo, do apelidado quebra-quebra, sem ao menos a consciência de que quebram a si mesmos.

Pobres brasileiros que precisam se pintar, porque não conseguem alcançar o colorido que desejam imprimir à sua realidade.

. Estamos nós, em esforço insano, querendo rimar independência com opressão, liberdade com corrupção, e ainda com tudo isso, sorriso e carnaval.Essas são rimas que nem mesmo o vigor liberal da alma da semana de arte moderna teria o condão de libertar: não combinam, estragam qualquer poema, rasgam qualquer cenário.

E em desespero coletivo de quem anda sem saber onde quer chegar, abalroam-se os convites nas redes sociais: novas passeatas, novos quebra- quebras, novas especulações.Serão esses movimentos dirigidos por partidos políticos oportunistas, por meros sonhadores ou por lideres bem intencionados e conscientes da sua realidade política e social? Esses últimos adentram cada vez mais nas portas da invisibilidade.

E convenhamos , não vamos crucificá-los, afinal o espaço que lhes cabe nesse pedaço de terra chamado Brasil, está ficando cada vez mais ínfimo: o Poder engessa as cabeças pensantes e lhes injeta nas veias pão e circo, até que a consciência vá morrendo lentamente, de mãos dadas com a dignidade.Perdemos a cabeça,bradamos por justiça, gritamos que se gasta mais dinheiro em futebol do que em saúde, e ...lotamos os estádios....

Não, a bola girando não é a culpada de tudo, nem tão pouco a nossa inerte presidente, que contraditoriamente também gira numa engrenagem. Mas penso às vezes, o quanto poderíamos, em estratégia alternativa, deixar brancos de susto os nossos políticos de bolsos obesos, com um emagrecimento radical das filas nos estádios... Talvez um estádio vazio funcione tanto quanto uma rua cheia... E que a luta continue, e que o pão sirva apenas de alimento, e o circo de mero entretenimento... (mania de rimar)

Conceição Castro
Enviado por Conceição Castro em 21/10/2013
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