Olha quem vem vindo! EC
_Cristina, Cristina! Olha quem vem vindo ali!
Era ele: meu primeiro amor. Amor adolescente. Tínhamos 13 anos.
Segunda-feira cedo estávamos todos no portão do colégio conversando e nos preparando para a aula de português do senhor Geraldo. Chamada oral dos verbos de 3ª conjugação: os preferidos dele!
Enfileirados em frente à Bandeira Nacional cantávamos o hino, sem nem sequer olhar de lado! Ai de quem errasse a letra ou se mexesse!
Valdemar ficava logo atrás de mim, na fila dos meninos.
E a vontade de dar uma espiadinha?
Eu sempre ficava nervosa quando ele chegava, as mãos úmidas, a respiração irregular, o coração acelerado...
Valdemar era um garoto tímido e inteligente. Usava Inglish Lavander e tinha um jeito tão lindo de sorrir que me conquistou no primeiro olhar. Aqueles dentes branquinhos e alinhados... no primeiro olhar da pra imaginar... vai acontecer!
Seu Otávio, professor de Ciências havia programado uma excursão para São Paulo, no Butantã.
O ônibus chegou e todos os alunos se apressaram em conseguir um lugar. Ficamos eu e ele na calçada. Tudo foi feito de maneira que sobrassem apenas os dois assentos no fundão. Os colegas riam. Meio sem jeito fomos para nossos lugares. Naquele tempo o namoro demorava a acontecer e ficávamos apenas nos olhando de longe. Era tão gostoso ficar paquerando no pátio, na hora do intervalo.
Conversávamos como se nada de especial fosse acontecer, disfarçando a emoção. De repente ele segurou a minha mão. Incrível que a mão dele estava quente, mas a minha gelada.
Lembra da sensação que a gente sente quando encontra com o namoradinho no cinema e ele, bem devagarzinho, põe a mão no nosso ombro? Foi isso que senti quando ele perguntou:
_ Quer namorar comigo, Cristina?
O sim ficou preso na garganta. Eu tremia e desviava o olhar.
Que sensação era aquela? Medo e felicidade, vergonha e coragem...
_Quero.
Valdemar foi se aproximando, se aproximando e eu fiquei imóvel. Naquele instante não ouvia nem via ninguém.
Ele me deu um beijo na testa e disse:
_ Agora você é a minha namorada.
Ficamos juntos até o último ano do ginasial. Depois da formatura ele se mudou para outra cidade, pois o pai era gerente de uma multinacional.
Nunca mais o vi, mas ficou guardado em mim o amor puro da adolescência. Meu sonho de menina!
Este texto faz parte do Exercício Criativo - Olha Quem Vem Vindo
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