Domingos longíquos

Domingos assim, lindos, ensolarados, quando as aves resolvem festejá-lo ruidosamente, fazem-me voltar no tempo, à minha meninice e, então, lembro-me quando saíamos pela manhã com meu avô materno para andar pelas vizinhanças e, talvez, encontrar amigos. Vovô ficava de papo e nós, a garotada, nos divertíamos livremente. Assim eram os domingos. Minha mãe e minha avó ficavam entretidas na cozinha, no preparo do almoço, meu pai sempre resolvendo problemas da casa, do carro, ou atolado em trabalhos profissionais e nós, as crianças, aos cuidados dos sonhos de meu avô, figura deliciosa, sempre mais moleque que nós. Em nossas saídas, cantávamos, deliciavamo-nos com os capins azedinhos, observávamos os cupinzeiros, corríamos soltos... Invariavelmente esqueciamo-nos da hora do almoço e chegávamos atrasados, com mil desculpas esfarrapadas. A zanga de minha avó era grande, mas passava logo... Eram domingos deliciosos...