Assombração, almas penadas, lobisomens, sexta-feira 13...

Hoje é sexta-feira 13, cada vez mais um dia comum...bem, mas em outros tempos não era bem assim.

Há pouco tempo, coisa de 4 dezenas de anos, pouca coisa, fico pasmo ao ver como tudo mudou...

Sêo Messias era um homem de 50 e poucos anos, sem escolaridade mas, um contador de causos de mão cheia, só historia de assombração, de arrepiar...

Bem aqui nessa cidadezinha perdida no meio do nada, ou no meio de tudo, o polo ceramista se igualava a emergente força da cana de açúcar após o abandono do café.Se olhássemos do alto poderíamos ver o marrom dos telhados dos barracões das olarias produzindo telha, tijolo artesanalmente.Colocava-se a argila na forma e eram produzidos em unidades, e quem fornecia a inesgotável fonte da matéria prima eram as várzeas do generoso Tietê.

E estávamos nós na maior olaria da cidadezinha.Alguns jovens,anciões e alguns meninos franzinos, me incluindo 11,12 anos...normal, começávamos a ter responsabilidade aos 8 anos naquele tempo.

Sêo Messias contava cada causo nos momentos de folga...não tinha quem não ficasse arrepiado de temor.

Naquele tempo tínhamos mais medo do além do que dos semelhantes...

Contava a história do Unhudo.Um ser fantasmagórico que após a morte não conseguiu se desprender de seus bens materiais, uma porção de terra onde hoje se situa alguma parte da fazenda pedra branca (baixão da serra) e, diziam tinha poderes fantásticos e os invasores de seu pomar de frutas eram arremessados a quilômetros de distancia caso invadissem sem permissão...

Histórias das sagas de centenários casarões das sedes das fazendas coloniais...

O cemitério aberto em clareira de mata para sepultar pessoas acometidas de um mal, uma praga desconhecida, hoje em dia poderiam ser curadas por um simples analgésico, e não deu tempo dos sábios e bruxos, inventarem uma poção.Esse lugar existe até hoje, já passei por lá e vi as cruzes de ferro enferrujadas com o passar de mais de século.

Uma casa que diziam que os noivos tinham morridos na noite de núpcias, nem passávamos perto daquela casa assustadora...

Por aqui antigamente quando pessoas perdiam a vida, eram assassinadas pelas estradas, erguiam uma capelinha...chamávamos santa cruz, inúmeras pelas estradinhas, e aventureiros que ousassem andar por esses trilhos a noite quase sempre voltavam com histórias arrepiantes para contar...

Caçadores que adentravam nas matas e se perdiam, não conseguiam achar caminho de volta...

Bem...mas quando cursávamos o antigo ginasial era difícil atravessar o jardim da praça da matriz por conta da história da noiva que aparecia pedindo aos incautos foras de hora que lhe tirassem o anel do dedo, um amigo que morava nas proximidades jurava te-la visto...

Lobisomem então nem se fala.Ouvíamos dizer que fulano, ciclano se transformava, e o mais assustador é que as pessoas creditadas tinham certo aspecto sombrio que condizia com a performance de tal metamorfose. Isso nos assustava, atemorizava, mas tinha um certo encanto que hoje não existe mais...eramos mais temerosos,tínhamos medo do desconhecido, as crianças de hoje jamais serão iguais as que fomos e os adultos de hoje não serão os vividos que somos.

Torcendo para que sejam melhores e mais felizes, e que venha mais uma sexta-feira 13...linda radiante, maravilhosa cheia de paz e amor.

Lucas Boavista
Enviado por Lucas Boavista em 13/09/2013
Reeditado em 15/01/2016
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