E depois de ontem!

E depois de arrumar suas malas, seus olhos aguardavam uma única palavra para desfazê-las:

- Fica! – Acabei por dizer e confesso: disse com o coração partido e no mesmo instante em que pensei nas tantas madrugadas seguidas perdidas.

Abraçou-me fortemente enxugando suas lagrimas em minha camisa, foi baixando os braços como em câmera lenta, deixou-os cair no último segundo e suavemente sussurrou ao meu ouvido, respondendo o meu pedido: -Viva suas madrugadas, amor!...

Numa noite, eu e meu eterno companheiro copo, encontramos um amigo que sonhava em trazê-la ao meu pensamento mais uma vez:

Amigo - Sabe que ela está morando na Itália e trabalhando como exploradora de oceanos e guia de turismo marinho?

-Hum!

-Ela está muito feliz, ligou pra minha mulher esses dias...

Sorri de canto, olhando praquela mesma madrugada que havia feito deixá-la e, não pensei mais sobre isso.

Três anos depois, após mais umas dezenas de chopps, cheguei as quatro da manhã e meu cachorro não latiu. Pensei que estava morto, abaixei-me e percebi que ele só estava indiferente. Provavelmente apaixonado pela cadela da vizinha!

Meio grog liguei a TV num canal europeu e tive uma leve surpresa com o rosto representado na imagem. Era um programa sobre grandes descobertas em que a entrevistavam, devido ao seu preciso achado de alguma coisa em algum lugar profundo, sei lá... Sei que ela estava sendo tratada como celebridade...deixei o programa gravando e na manhã seguinte assisti.

Reporter – E seu coração, já tem dono, já tem um amor?!

Ela - Dois humanos se unem em nome do amor...mas que tipo de amor é esse em que a partir de agora dois humanos viverão em pequenos atritos desgastantes, sendo mais incompreensível deles a falta de compreensão? Que tipo de sentimento é esse em que ambos deixarão suas raízes e renegarão seus desejos mais secretos para satisfazer o outro mesmo q os olhos clamem por liberdade e a alma implore pela paz? Esse incompreensível e pré-existente amor, eu o reneguei para que quem amava tivesse a chance de ser verdadeiramente feliz...

Descobri que o culpado de tudo aquilo era o maldito e falso COPO. Sem pensar joguei o copo fora e ainda era 7 da manhã quando abri minha primeira garrafa e tomei meu primeiro gole. Agora, direto na garrafa...

Samuel Souza
Enviado por Samuel Souza em 13/09/2013
Reeditado em 31/10/2013
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