Revolucionários II

Em 21 de agosto do corrente ano, aconteceu o sétimo ato da manifestação pelo passe livre em Recife. O ato, que começou

de maneira pacífica, terminou com cenas de vandalismo protagonizadas por um grupo de encapuzados e mascarados. Por que a manifestação mudou de rumo? Por volta das 14h30, eles, os manifestantes não foram recebidos pelos vereadores e encontraram o prédio fechado com PMs que dispararam balas de borracha e bombas de efeito moral, ferindo alguns estudantes, causando confronto e pânico no centro da cidade. Às 18hs, mais ou menos, os ânimos se acirraram. Então, os manifestantes resolveram voltar à Câmara dos Vereadores e começaram a pichar muros e atirar pedras, garrafas e coquetéis molotov contra os PMs. Um ônibus foi queimado (sic) na Rua do Príncipe.

Com um megafone, os manifestantes gritavam palavras de ordem, pedindo um transporte público mais eficiente e transparência no faturamento das empresas de ônibus: “Governador, não queremos 10 centavos de esmola, queremos passe livre”, dizia um revoltado! Durante entrevista coletiva sobre os protestos o secretário de Defesa Social (SDS) Wilson Damásio, disse: “Isso não é movimento social, é bandidagem, vandalismo, tem que ser reprimido”. Segundo ele serão intensificadas as vistorias, priorizando os grupos mascarados

e encapuzados. Aqueles que se recusarem serão presos por desobediência e desacato. Agora, eu pergunto, será que isso resolve a situação? Eu mesmo já fui abordado na Rua Gonçalves Dias que dá acesso à favela do “Bururu” no bairro de Campo Grande, por grupos fardados e encapuzados

(de preto).

É bom que o referido secretário saiba que os princípios democráticos em qualquer nação livre baseiam-se no senso de justiça de todas as instituições de governo, entre as quais deve existir o respeito mútuo. Tudo indica que haverá uma manifestação (data a marcar), sem vínculos com as Associações e Sindicatos de Polícia, até porque o secretário é da polícia federal, e eles temem ser punidos e passam a mentir descaradamente com conivência. Sobre a pauta de reivindicações dos inativos e pensionistas da Polícia Militar de Pernambuco, uma delas é o subsídio. Isso porque ao se aposentar (reserva remunerada ou reforma) estes perdem até 40% do salário. Os PMs reivindicam um reajuste desde 2008, quando o governo do Estado aumentou o salário dos policiais civis. O governo não vem cumprindo as decisões judiciais, que em 2001 ordenavam o pagamento de gratificação a 136 PMs inativos, sob pena de uma multa diária em caso de descumprimento e que, até hoje ainda não foi paga.

Outrossim, destaco a relevância de se acelerar a aprovação da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) de número 300-A de 2008, que trata da unificação dos salários dos militares em todos estados do Brasil. Mais uma vez relembro que, se feito isso, ao meu ver, as PMs do Brasil deixarão de se submeter à hierarquia militar.

Finalizo esta crônica com a inesquecível “ Para não dizer que não falei de flores”, de Geraldo Vandré:

“ Há soldados armados, amados ou não

Quase todos perdidos de armas na mão

Nos quartéis lhes ensinam antigas lições

De morrer pela pátria e viver sem razão”

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José Calvino
Enviado por José Calvino em 29/08/2013
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