Mulheres preferem homens com dinheiro? História ajuda a responder

Homens pobres e inteligente que nada mais tem do que amor e carinho a oferecer, unamo-nos contra a hipocrisia feminina com a ciencia como nossa princial arma....

Psicólogo afirma que são comuns as queixas de mulheres sobre a situação econômica do homem

Mulheres que só se interessam por figuras masculinas que possam lhes proporcionar uma vida de regalias são frequentes na ficção. Na vida real, a frase "Quem gosta de homem é gay, mulher gosta de dinheiro" costuma ser lembrada para expressar a ideia de que elas se preocupam apenas em ter alguém que as sustente. Questionada sobre o que há de verdade nessa sentença, a psicanalista e escritora Regina Navarro Lins diz que, para discuti-la, é preciso lembrar a trajetória feminina nos últimos milênios. 

"O sistema patriarcal que se instalou há cinco mil anos estabeleceu que a mulher deveria ser meiga, cordata, principalmente, submissa e ter filhos sem parar. No século oito, houve até um concílio da igreja  para decidir se ela tinha alma ou não", afirma Regina, estudiosa das relações amorosas e sexuais, autora de "O Livro do Amor" (Best Seller) e de um blog no UOL. "As mulheres não tinham direito a nada, sempre foram consideradas incompetentes e tinham de depender de um homem. É uma história que primordialmente tinha a ver com sobrevivência", fala a psicanalista. 

 

O psicólogo Oswaldo Rodrigues Jr., do Instituto Paulista de Sexualidade, concorda com a escritora. "As mulheres eram socializadas de forma a serem dependentes e, por isso, podiam fazer certas exigências com relação ao nível social do homem em troca", afirma o especialista, que acrescenta: "Sair deste papel não é fácil e a mudança não ocorre em apenas duas ou três gerações depois de milênios de submissão".  

 

O início do século 21 desponta com números que mostram que as brasileiras avançaram e conquistaram muitos espaços, incluindo altos cargos nas empresas. Porém, de acordo com Rodrigues Jr., são comuns em seu consultório queixas com relação à preocupação da parceira com a situação econômica do homem.  "As mulheres tendem, sim, a estabelecer um relacionamento em que o homem seja financeiramente superior", afirma Rodrigues Júnior. 

 

"Uma mulher executiva, independente, que more sozinha em seu próprio imóvel, tende a buscar um homem que também tenha tudo isso e mais alguma coisa, incluindo um carro melhor do que o dela", diz o psicólogo. "Muitas falam abertamente que não querem andar de carro velho nem comer em locais simples". 

 

Cavalheirismo contestado

 Regina Navarro Lins acredita que o número de mulheres cujo interesse maior está na conta corrente masculina diminuiu e isso é uma tendência, embora, até hoje, muitas ainda sejam educadas para achar que precisam de um homem para dar sentido à vida. "Acreditam em sua incompetência e que precisam de alguém para sustentá-las. Mas estamos num processo de profunda mudança", diz a psicanalista. "São ecos de uma mentalidade onde o homem tinha de ser poderoso financeiramente, provedor. Mas essa é uma ideia que não combina com a mulher que acredita na igualdade de direitos e deveres", afirma ela que lembra situações em que ouviu histórias  que a deixaram perplexa. 

 

"Escuto coisas aterradoras de mulheres independentes, com grana, tais como "divido restaurante, cinema, mas motel, não". Por que não o motel? Os dois não vão ter prazer? Ele vai pagar o motel apenas porque é o homem? É ridículo", diz Regina, que faz questão de distinguir independência e autonomia. Segundo a escritora, grande parcela das mulheres está mais independente, que é a parte mais fácil.

"Ganhar o próprio dinheiro é fundamental. Mas a maioria não é autônoma. Ter autonomia significa não aceitar valores impostos como a necessidade de um homem protetor que paga a conta, puxa a cadeira e abre a porta", afirma a escritora que faz criticas ao cavalheirismo. "Quando elas dizem que gostam desse tipo de atitudes do homem, digo que isso é nocivo à mulher, implica superioridade dele para com ela. Homens e mulheres devem ser gentis um com o outro. É diferente ele me ajudar a carregar uma caixa pesada sendo ele o mais forte. Eu faria o mesmo por uma senhora idosa. Por que ela não pode puxar a cadeira para ele se sentar ou abrir a porta para ele?", pergunta.

 

Novo comportamento, ideias conservadoras

 

Segundo a psicóloga Valéria Meirelles, que defendeu tese de doutorado sobre atitudes, crenças e comportamento de homens e mulheres com relação ao dinheiro ao longo da vida, a ala feminina ainda continua com posturas antigas. "Elas acham feio quando o homem aceita dividir a conta. Querem as vantagens da modernidade com os benefícios da tradição: serem cuidadas, que o homem assuma todas as contas de casa, mesmo que ela seja independente".