A mais nova e mais velha Emília!

Acho que alguém deveria se preocupar com o porquê da boneca Emília se chamar Emília! Descobrir se alguma Emília – de carne e osso - possa ter inspirado este personagem de Monteiro Lobato, pois afinal dizemos que todo escritor se inspira em algo ou alguém para dar movimento as suas histórias. Ou não será assim? Mas no caso da nossa serelepe bonequinha, com aquelas tranças e olhos mais vivos do que os vivos de sua época pudessem imaginar, ela foi personagem viva da História do Brasil... Ela existiu, e é carioca, filha de baianos, e foi eternizada por um paulista que dominava a escrita e nos legou uma dos mais bonitos dos livros de história que dizem ser para as crianças, mas que todos nós de primeira, segunda ou terceira idade gostamos; O Sítio do Pica-pau Amarelo.

De acordo com o Canal Zap “a atriz Tatyane Goulart talvez nem seja reconhecida quando aparecer na nova temporada de O Sítio do Pica-pau Amarelo. Tudo devido à caracterização caprichada de sua personagem, a bonequinha falante Emília”, e diz ainda que a atriz vai aproveitar a experiência de outras temporadas da boneca: "Tem coisas de cada uma delas que vão me servir. Não poderia fazer essa Emília desprezando essa memória. Seria uma ofensa. Gostaria de homenageá-las", explica a atriz. Parabéns Tatyane, e se eu puder ajudar conte comigo. Sempre desejei apertar a mão da Emília de carne e osso e dizer que sou seu admirador, embora nascido quase meio-século depois dela.

Quem sabe se eu apertar a mão desta atriz Tatyane eu tenha por fantasia um desejo realizado, e poderei dizer para Anna Cristina Teixeira Monteiro de Barros, “Baby Teixeira” (Mãe de André filho de Arthur da Távola), que rendo uma homenagem a sua mãe que também se chamava Emília, uma mulher falante, irrequieta, e que no início do século passado participava com decisão dos assuntos esposo, o educador Anísio Teixeira, dentro de um padrão que a fazia se destacar mulher líder, obscurecida apenas pela época em que a petulância machista não permitia aos historiadores lançarem nos alfarrábios literatos o nome de uma mulher que pudesse sobrepor o “líder” homem.

Monteiro Lobato foi grande amigo de Anísio Spinola Teixeira, ao ponto de trocarem correspondências seqüenciadas contando cada um para o outro suas experiências comerciais, e mais pontualmente os resultado dos dois como “rebeldes” ao sistema, o que a eles valeram tempos de exílio, onde até tiveram oportunidade de se conhecerem mais a miúdo. Eis então onde quero chegar: A boneca serelepe de Monteiro Lobato certamente foi inspirada per Emília Teixeira, filha de baianos de Caetité, que nasceu e se criou no Rio de Janeiro onde se casou com o conterrâneo de seus pais.

Que custa resgatar a história de uma mulher fora daqueles padrões bobos de antigamente, em que a mulher existia para servir cafezinhos ou chás, e que em rápida passagem na sala de visitas era apresentada “Esta é a minha mulher”, com se fosse um objeto com nota fiscal de compra. Anísio Teixeira, na minha ótica, foi um cabra macho ao permitir que Emília partilha-se com ele o dia-a-dia dos negócios, da política, dos acontecimentos, abrindo à mulher um espaço no tempo em que as mulheres eram bonecas, ao ponto de que sua Emília fosse homenageada pelo amigo dando nome a uma boneca, que foi, é e será sempre sucesso, pois suas intervenções possibilitam até a atriz viver mais real o personagem.

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(*) Seu Pedro é o jornalista Pedro Diedrichs, editor do jornal Vanguarda de Guanambi – Bahia jornalvanguarda@micks.com.br .Nnão é historiador, só conta estórias! Mas, depois que começou contar a estória de boneca Emília ser Emília que não era boneca, já houve que movesse a levar o assunto a Wikipedia http://pt.wikipedia.org/wiki/Em%C3%ADlia , o que acha ótimo, afinal em uma missão de resgate não há apenas um herói!