Bife rolê e petit-gâteau

 
Para o almoço de hoje fizemos o tal arroz de Braga, que ficou uma delícia. Depois, conversando com uma jovem, contei-lhe a história desse prato que ninguém sabe a origem. Se não veio de Portugal, talvez tenha sido criado por um cozinheiro de nome Braga... Lembrei-me, então, que uma vez pedi vitamina numa lanchonete em Lisboa. O garçon, com ar espantado, disse que eu devia procurar a vitamina na farmácia. Depois que expliquei o que era, ele contou que por lá essa bebida se chama batido... Bem, sabemos que essa diferença de vocabulário existe, principalmente entre brasileiros e portugueses. Embora falemos a mesma língua, nem sempre parece...

O que não pensamos é que elas podem ocorrer também em relação a outras línguas. Recentemente eu soube de uma pessoa que em passeio pela França quis deliciar-se com seu doce preferido. Acabado o jantar, e já com água na boca, pediu um petit-gâteau! Ficou decepcionadíssima por não ter sido atendida, naquele restaurante ninguém entendeu o que ela queria. É claro que todos sabiam que se tratava de um ‘bolinho’, mas ali não havia a tal sobremesa. Aquilo que chamamos de petit-gâteau provavelmente existe em terras gaulesas, sabe-se lá com que nome. Talvez eles chamem de ‘brioche au chocolat fondant’...

Por causa da nossa criatividade, estamos sempre a inventar novidades. Todas as vezes que entro em uma lanchonete, fico a imaginar um gringo recém-chegado no Rio de Janeiro a olhar embasbacado para a lista de sanduíches: X salada, X tomate, X bacon... E o pior deles, X tudo!
Sem falar do pastel de bauru das feiras paulistanas, nem do ‘bife  rolê’, que na França é ‘paupiette’...