MEUS FILHOS, BENÇÃO DE DEUS

Hoje amanheci nostálgica. Fiquei a lembrar dos meus filhos desde que nasceram. Fico a pensar como tudo passou tão rápido. Onde estão eles agora? Por que não estão mais aqui? Por que a vida tem que ser assim? A gente sonha tanto com a família. Forma-a, com tanto cuidado, pensando que vai ser pra sempre... Mas pra sempre não existe... Olho a minha casa hoje e só agora me dou conta que há muitos anos perdi meus filhos para o mundo, para suas companheiras, em fim... Pra suas próprias novas famílias. Não é sempre, mas às vezes sinto falta e sinto muita saudade do tempo que estiveram conosco. Relembro a casa cheia de crianças da vizinhança, dos primos, das brincadeiras, das brigas, da correria pra irmos todos para a escola. Era bem estressante sair todos juntos e estarmos na escola até as 7 horas. Eu levantava bem cedo, preparava a mesa do café, o lanche que eles levariam pra escola. Às vezes nem dávamos conta de tomarmos o costumeiro banho, tão corrido que era! Mas eles iam sempre limpinhos e calçados e feitos os seus deveres de casa. Eu como era professora, não poderia chegar atrasada de forma alguma. Por isso agradeço a uma jovem boa e educada de nome Conceição que muito me ajudou nesses tempos difíceis. Ela veio morar comigo, pois onde ela morava não tinha estudos para ela que já cursava o segundo grau. Ela morou três anos comigo e foi uma companheirona . Ela levantava cedo, junto comigo e me ajudava com as três crianças: Diógenes, Darlan e Daiana. A diferença de idade dos três era de dois anos. Portanto houve um ano em que íamos todos juntos para a mesma escola. Nossa difícil! Mas daria tudo para tê-los hoje novamente aqui comigo e refazendo o mesmo trajeto. Relembrando tudo agora, meu coração enche de saudade! Fico a pensar porque não aproveitei mais o tempo com eles... Saudade da casa cheia deles com seus amiguinhos e primos. Dos seus colegas de escola que vinham pra fazer trabalhos com eles e que sempre sobrava pra mim a parte de escrever nos cartazes e reler o que iriam postar. Cada momento relembrado hoje é uma preciosidade: A alegria que eles ficavam a me ver fazendo sorvete todo sábado pra eles. As coisas gostosas que eu fazia pensando neles e que hoje já não tem mais nenhum sentido pra mim. A satisfação em arrumá-los quando fariam alguma apresentação na escola em que eles iam participar. As viagens à praia, passeios na casa dos primos, da avó Nilza, ou mesmo os primos aqui na nossa casa... Ah! Tudo era uma festa! À noite quando o pai chegava e estávamos todos juntos em casa nos deliciando em companhia uns dos outros... Ah! São tantas as lembranças! Os anos se passaram! Eles não estão mais aqui, e nem mais estarão. A sensação é somente de perda e o sentimento é meio que egoísta. Se eu os fiz, criei, eduquei... Por que tenho que perdê-los? Ai a gente fica meio confusa e questiona. Não tem jeito, questiona mesmo. Deus, onde estão meus filhos, por que eles se foram de mim? Aí eu penso em minha mãe que teve dez filhos. Há apenas um com ela e que não pode dar a ela a assistência que ela necessita. E ás vezes ela fica clamando por nossa presença e não temos como ajudá-la o tanto que ela merece. Aí eu começo a entender a vida!

FATIMA KALIL
Enviado por FATIMA KALIL em 30/06/2013
Código do texto: T4365124
Classificação de conteúdo: seguro