NADA A FALAR
MAS LEMBRAR


 
O dia termina, dezoito horas e, extraordinariamente, um momento de silêncio no play e no apartamento de baixo.
         Uma pausa boa.
O pensamento está vazio, não é rico nem divertido.
É quase morto. Só a inquietude me move. No fundo, desejo a Sede, a minha terra e sua vegetação. A jabuticabeira deve estar carregada. Mas a dona não está lá. Os bichinhos também estão fora do lugar.
         A casa está vazia.
         Espera por sua dona. O mato cresce.
Quando escrevo não fico triste. Outras coisas vêm à tona.
Há uma avidez de ser feliz.
De lembrar das coisa boas.
E um descontentamento de não sê-lo.
         Aí me imobilizo. Não penso.
Mas lembro das paredes e do forro.
Eles me falam de paz e de amor
Cadê minha Neném?
O nosso papo, que só você entende minha querida?
E o seu carinho tão entendido de nós?
Você fugiu pro mato, não foi?
Mas volto para te pegar, viu!
Ninguém sabe do amor da gata e sua dona...
É tão especial, tão lindo!

MLuiza Martins
8/12/11 - Palavras: 111