Betina voltou

De manhã a casa amanheceu vazia, meio estranha, faltando alguma coisa. Era Betina.

Fui dormir seguro de que ao amanhecer algo aconteceria. Não sei como, mas acreditava que ela estaria de volta. Minha mulher, a que mais sofria sua falta, não acreditando mais nessa possibilidade, foi dormir chorando.

9 da manhã. A tristeza amanheceu dançando pela casa. Fazia a sua farra enquanto nos invadia renovada. Estava horrível o clima. Salvando a devida proporção, não me lembro de um vazio tão intenso em nosso sêr quanto o causado com esse desaparecimento.

Da cama, com a porta do quarto aberta, olhava para o vazio da sala imensa, sem acreditar naquela situação. Ela não estava lá como em todos os dias ao amanhecer, fazendo sua bagunça. Ou forçando a porta do quarto - que nessa noite, deixadada pelo in'consciente, dormira aberta como que a facilitar a sua entrada. Mas ela não apareceu, como fui dormir acreditando.

Desiludidos, sem nem querer sair da cama aquele dia, já pensando em ter que nos acostumar com a dura realidade, entra minha cunhada com alguma coisa no colo. Era Betina. Estava dentro do carro, um que pouco usamos, no fundo da garagem. Entrara quando por alguma razão alguém deve ter aberto a porta e fechara com ela lá dentro sem a perceber. Estava faminta e fraca de tanto latir - sem ser ouvida.

- FESTA. Muita festa entre a família. Nossa pequenina, e leal, amiga, a que nos devolve, em dobro, o dengo, o carinho, o afago, e o afeto que lhe damos diuturnamente, estava de volta. Eu, ou melhor, meu sentido, não estava enganado.

E se você, que, por opção, não tem um desses em casa, pensar em se perguntar o por quê de tudo isso, nem tente que não vai entender...

(ainda assim, dê uma lida em, "Betina sumiu")

O nosso muito obrigado a todos que se solidarizaram com nossa angústia.

 
Antonio Franco Nogueira
Enviado por Antonio Franco Nogueira em 16/06/2013
Reeditado em 24/02/2015
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