Criança diz cada coisa...
A sagacidade das crianças é algo que sempre me impressionou. Conversar com elas me transmitia um misto de esperança e alegria. Esperança, porque ao ouvi-las sentia que esse mundo ainda tem jeito. Alegria, porque certas pessoinhas nos passam uma firmeza ao falar, um brilho diferente no olhar que convence facilmente qualquer cético. São crianças que tem sacadas inteligentes, ou se comportam de uma maneira que deixa qualquer professor de queixo caído. Eis algumas situações interessantes:
Era uma roda de conversa cujo assunto em pauta era sustentabilidade. A turma era formada por crianças de oito anos. Um aluno inconformado com as atrocidades que as atividades humanas vêm causando ao meio ambiente resolveu se manifestar.
- “Professora quando eu crescer não vou deixar acontecer toda essa bagunça. Não vou deixar que as pessoas joguem lixo nos rios, que poluam o ar e cortem as árvores para fazer móveis.” Vou proteger o nosso planeta, mas para que eu possa fazer isso preciso do voto de vocês! Disse ele energicamente olhando para os colegas ao lado.
– “Eu vou ser prefeito, e vou proibir que tudo isso na nossa cidade, eu prometo!” Prosseguiu ele tentando conquistar futuros eleitores. A influência do futuro prefeito foi notória, depois do seu discurso inflamado começou a aparecer futuros vereadores, deputados e até presidente da República na sala. Falava com tanta veemência que quase lhe perguntei qual seria sua plataforma de governo.
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Elas são muito criativas e as respostas são muito inteligentes. Outro fato ocorreu com uma pequena do maternal. Era uma criança de quatro anos. Ela pediu para ir ao banheiro e a professora foi acompanhá-la. Assim que fez o “xixizinho” já ia subir a calcinha quando a professora a alertou:
“Você não vai enxugar a periquita?”
Ela mais que depressa corrigiu:
- “Periquita não professora, é vulva”.
Ela pegou o papel e finalizou o ato enquanto a professora a observava com cara de alface.
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E mais uma:
A professora Sandra estava com seus pupilos de quatro anos quando de repente lembrou-se que havia esquecido algo:
-“Putz! Esqueci de tomar o meu remédio!”
A Marianinha, uma menina esperta, ficou indignada e com o dedo em riste advertiu a professora:
- “Não pode falar putz! É palavrão”. Só pode falar Vixe Maria.
A professora não aguentou e caiu na gargalhada.
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A professora Vera, uma grande amiga, tinha acabado de perder o pai. Depois de ficar alguns dias afastada retornou às aulas, mas ainda estava muito mal. Quando chegou na sala Carlinhos a abraçou e foi logo dizendo:
“-Fessora sinto muito pelo seu pai. Não fique triste, onde ele estiver tenho certeza que está bem. Meu pai morreu no ano passado, tudo vai passar você vai ver.”
Ela o abraçou carinhosamente e agradeceu. Ele tão pequeno convivera menos tempo com o pai e estava ali a amparando. Carlos havia mexido com ela e de certa forma aquele gesto havia amenizado a sua dor. Ele era uma criança muito especial, pensou em relatar o ocorrido para a mãe quando chegasse o dia da reunião de pais e mestres.
A professora Vera voltou a sua rotina normal e aos poucos foi superando aquela dor.
Chegou o dia da reunião e ela estava ansiosa para encontrar a mãe de Carlinhos. A sala aos poucos foi enchendo. Iniciou a reunião e depois conversou com os pais individualmente. Para a decepção de Vera, a mãe de Carlinhos não fora a reunião, agora ali na sala só restou um senhor. Ele se aproximou e disse:
“- Bom dia professora Vera, eu sou o pai do Carlinhos.”
Carlinhos havia matado o pai para deixar a professora mais feliz.
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Lá estava o Lucas se deliciando em um pacote de bolachas recheadas no recreio. A professora passa, vê aquela atitude nada saudável e resolve orientá-lo: -“Lucas os biscoitos recheados fazem mal à saúde. Você que é um garoto inteligente procure ter hábitos mais saudáveis, traga uma fruta ou um iogurte de lanche. Um biscoito desses contém boa quantidade de gorduras saturadas, o que favorece o aumento do "colesterol ruim", e a diminuição do "colesterol bom”. Além das gorduras, são ricos em açúcar o que pode levar ao ganho de peso e você não quer ficar gordinho não é mesmo”?
Lucas olhou para a professora e fez uma breve análise do seu corpo rechonchudo e concluiu:
-“É por isso que a senhora está assim, professora? A senhora comeu muita bolacha recheada”?
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