Perdas

Certa vez, não lembro onde, li a seguinte frase: “Essa é a música mais melancólica que já ouvi em toda minha vida. Você pode repeti-la?”. Pois é, nós temos essa mania de querer sofrer à toa, de chorar pelos mesmos motivos. E por quê? Somos tão racionais, mas insistimos nessa imbecilidade de nos agarrar àquilo que nos faz sofrer. Talvez seja pelo fato de ligarmos o sofrimento a algo real, pois uma vida sem tristezas nos lembra um conto de fadas e esses tais contos de fadas, que um dia acreditamos, nos frustrou e fez com que aprendêssemos que a vida não é feita só de alegrias.

Mas, PORRA! Qual é o sentido de se prender somente a uma coisa, sendo que o mundo é imenso? Existem galáxias inexploradas e nós estamos aqui: chorando pelos mesmos motivos, nos auto-mutilando com lembranças que, acreditem, não vêm de uma hora pra outra, não são elas que insistem em chegar, somos nós que insistimos em buscá-las.

Eu mesma posso dizer, com todas as letras, que sou uma enorme imbecil, que ainda me agarro à coisas que não valem a pena, que não merecem um pingo de minha atenção. É claro que não somos de ferro, que precisamos desabafar, sofrer, chorar quando deve. Isso é extremamente bom. Mas o melhor ainda é extravasar, jogar a tristeza para os ares, afinal a maioria que estará lendo isso é adolescente, assim como eu. Nossa vida não acaba por causa de uma perda, seja de pessoas, de bens, de sonhos… O ser humano não se acostuma a perdas, se rebela, explode. E ainda insiste que a coisa perdida ainda está lá.

Demorei algum tempo pra aprender, pra poder escrever assim, não apenas como conselho, mas como um grande desabafo. Tive perdas, muitas. Perdi amigos (alguns foram embora, alguns nem sei se estão vivos), perdi parentes, alguns sonhos meus se frustraram e me frustraram, perdi canetas, cartas, livros, perdi até a vontade de levantar da cama pra mais um dia. Mas fui! Continuei indo, relembrando das perdas, me machucando cada vez mais. Então chegou uma hora que percebi uma coisa: não adiantava viver de lembranças, passado não se reverte. Assim, eu fui mais feliz, mais sensata.

É claro, todos nós sentimos falta de algo, todos nós temos algo pra lembrar e para ganhar forças. Mas é importante saber: o passado é feito para nos ensinar, nos dar forças, não para nos por pra baixo e regredirmos.

“Ontem é história, amanhã é mistério, mas o hoje é uma dádiva. É por isso que se chama PRESENTE” (Kung Fu Panda)

Ana Eduarda
Enviado por Ana Eduarda em 28/05/2013
Reeditado em 13/09/2013
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