No palato e no tato

O repugnante cria vínculos de afeto, o outrora feio ganha ares de simpatia, dias antes nublados alvorecem claros e na distração do olhar que contempla o vazio desperta em azul claro.

Ninguém compreende o riso que escapa pelo canto da boca, o olhar de ternura, o trago profundo de ar e o suspiro que denuncia a satisfação, passo lento e calma mesmo no colapso da alma.

A ansiedade, tão inerente a idade que me acompanha, é submetida a sessões torturantes de música boa, e é boa por simplesmente a considerar assim, uma perspectiva própria de ser bom o que faz bem, e o bem com sua envergadura abrangente muitas vezes abraça o conveniente, mas considerando a vida efêmera e ligeira, parece idiota não agradar seu gosto, mesmo amargar o desgosto, a vida é no palato e no tato.

Só aprende quando a pele queima