A MORTE - UMA CRUELDADE DA NATUREZA

Somos descartáveis e assim temos aqui, uma sobrevida que muitos de nós não a desperdiça.

Fico imaginando o impacto sobre a morte de uma pessoa hoje, principalmente no dia fatal.

O instante crucial, o ultimo apagar das luzes. Tudo que sabemos, e que podemos imaginar, ocorre exclusivamente pela empatia dos mais jovens e saudáveis, mas esse é um exercício que ninguém a rigor tem competência plena para exercitar, a não ser a própria vitima que começa a sentir os sintomas. Rsss

Podemos alugar argumentos de pregadores que falam em nome de supostos deuses, ou de um Deus único, enaltecendo a possibilidade de uma vida pós-morte que nos levaria a um aperfeiçoamento em outra dimensão. Sonhos e delírios que levam a humanidade a crendices para um exercício de um auto-flagelo dispensável do ponto de vista racional.

Por exemplo, a minha emoção diz que certas pessoas não deveriam morrer nunca. Eu por exemplo, sou sem duvida, uma dessas pessoas e assim nossos pais, enfim toda nossa família. Isso é um pensamento egoísta, se nos nortearmos pelo pensamento lógico.

Ainda nesse campo, temos exemplos: Cristo morreu pregado na cruz e contrariou todas as expectativas da humanidade, ou seja, chegou (dizem que enviado) ficou, lutou, nada resolveu. Ficou famoso e prevalece vivo na memória do ocidente contrariando a lógica. Outras pessoas ao longo da história morreram lutando por causas diversas, o problema foi resolvido e caíram no esquecimento da humanidade de forma injusta. Fazer o que? Contrariando pensamentos de Edison Joseph.

Somos sim, completamente ignorantes nesse aspecto e qualquer pensamento a respeito de vida e morte, exceto aqueles formalizados pela ciência, é mera fantasia e puro romantismo. Alguns se masturbam mentalmente, principalmente aqueles com a consciência pesada temerosos por um julgamento divino, geralmente alardeado por livros chamados sagrados. As celas estão repletas desses "arrependidos". Fora isso, chega até nós de forma sempre romântica e alucinante, as retóricas daqueles que pregam a existência do paraíso. Só de pensar na vida eterna numa outra dimensão, sem um corpo materializado, sem dores, sem sensações humanas, deve ser um saco, me perdoem a expressão. Melhor mesmo é encerrar esse ciclo carnal e mandar o espírito às favas e morrer definitivamente.

Acho que os médicos chegam perto, pois são ou seriam com certeza, as pessoas que convivem com o sofrimento da outra no cotidiano, acompanham suas doenças e quando podem prolongam suas vidas, passam a incorporar, a fazer ensaios sobre como poderia ser, ou como será o dia fatal. Na verdade o processo da morte é lento e começa com algumas depreciações que ganhamos e isso depende de nosso comportamento, de nossa índole e até mesmo de nossa constituição física (genética). Depende até mesmo de como nos comportamos em nossa adolescência e que tipos de cuidados recebemos desde a nossa infância. (amor, alimentação, apoio, etc).

Os homossexuais sofreram nas décadas passadas com esse processo degenerativo que os médicos chamam de AIDS e as prostitutas são naturalmente portadoras também desse vírus da morte (se é que podemos chamar assim), pois são naturalmente pervertidas do ponto de vista sexual pela promiscuidade com que atuam. O câncer que nos atinge em cheio e nos deixa reféns da crueldade da natureza é e tem sido um dos maiores vilões. Menos mal hoje, que sabemos distinguir um morfético de um cancerígeno e os preconceitos diminuem nessa área do comportamento humano. E a ciência já desmentiu muitos trechos bíblicos e graças a ela esses grupos menores estão livres do "destino" implacável imposto pelo livro sagrado.

Pensar, refletir sobre isso, é como sair da luz e entrar numa outra dimensão. Há os que defendem a eutanásia (acredita-se ser uma morte menos sofrida, pois é planejada). Os doentes terminais, geralmente com idade avançada, não morrem disso ou daquilo especificamente como publica a imprensa. Eles morrem pela falência múltipla dos órgãos. Surge uma necessidade premente, ou a pilha acaba, e na escuridão completa e no silêncio intrigante, você se desliga (acho eu), fica ausente por alguns momentos e inicia a busca de uma solução ou de uma análise do mundo, da existência, do comportamento humano que pende ora para o sadismo, ora para o masoquismo. Mas, a morte chega inexorável e apaga essa reflexão.

Você pensa na crise do ego, do super ego, trabalha o inconsciente e a fita do filme de sua própria vida começa a rodar. O encantamento da sala de espetáculos, a crise do peso na consciência por pequenos ou grandes delitos, deriva para o social, o coletivo. O passado vem à tona e se mistura com o futuro sombrio e se os impasses afloram, a luz no fim do túnel desaparece.

Você pensa em si próprio, pensa no sistema cruel, você pensa na crise da igreja que permite a vulgarização, banalização e comercialização cada vez mais crescente da fé.

Se você é famoso, pode perceber claramente o cerco da imprensa lhe convidando para bate papos, tipo programa do JÔ, Marília Gabriela e fazem o seu acervo Global orientado e impregnado de entrevistas. Enfim...você morre e os enlatados estão prontos para preencher os espaços de tempo ociosos na TV explorando seu nome, sua fama.

b>

Você quer ter fé em valores morais, em virtudes e acaba tendo fé no inferno, no céu, naquilo que não pode ver, não pode tocar. Você prefere assim, é mais cômodo, é mais misterioso, menos materialista e mais prático, matar de uma só paulada todas as suas dúvidas, com a tal fé inabalável, onde quatro letras resumem o poder inquestionável de um "arquiteto" que jamais honrou você, ou um grupo de pessoas com a sua presença física. Portanto, o lógico e o sensato é afirmar com certeza que ele não existe ou que seu nome seja o ocaso Malebranche, ou acaso perdido no túnel do tempo.

Você olha, mas não vê, você escuta vozes, mas não entende o que estão dizendo e assim se explica esse mergulho no nada, no horizonte, num por de sol inexplicável, indescritível, não em busca de um agradecimento, de um pedido, mas em busca da coerência, da lógica. Mas o sol se põe e vem de forma indubitável a escuridão no duplo sentido e todos nós dormimos invariavelmente num mesmo período, mergulhando num silencio, onde a reflexão e a consciência também se apagam.

b>

Em busca de uma coexistência pacifica, em busca do reencontro com os princípios éticos. Você ouve o mundo inteiro gritar e as vozes dizem, - poderia ter sido melhor. Ou poderia e deveria ter sido o melhor. Que merda, eu não tenho que ser o melhor, o maior, eu tenho que ser e fazer aquilo que gosto que desejo e não gosto de receber ordens. Jamais aceitarei que alguém diga pra mim que eu não devo gostar dessa ou daquela pessoa. Ou que devo aceitar isso ou aquilo. Ou que devo ajoelhar-me num banco de madeira e comer um pedaço de farinha de trigo para purificar minh´alma, ou acreditar no olho de Tandera.

Portanto, quero morrer em paz.

Você pensa nos amigos que perdeu e nem sabe por que. Você se vê na porta de entrada da terceira idade e fica ranzinza, implicante, mentiroso e quer bater em todo mundo e quer por que quer o mundo a seus pés. E você então não vê que os mais jovens chegam com inteligência, com astúcia e com o apetite voraz. Eles querem o seu lugar, eles sabem que você mais cedo ou mais tarde vai embora. Você não sabe se está pensando e falando de você mesmo, porque os críticos implacáveis fazem você se perder, fazem você acreditar que tudo que acontece é por sua culpa. Os mais jovens não querem aprender com você, acham que podem tudo sozinhos. E é possível que possam mesmo, pois eles têm tudo pronto. Basta um click em algum link e o mundo se abre.

Nesse ponto, muitos deles começam a morrer mais cedo, mergulhando no mundo das drogas, onde o imperativo é a adrenalina, o viver agora, somente o presente sem pensar no futuro que é muito maior do que o presente e sugere: responsabilidades de cunho social. Eles ficam sem nada que fazer, pois não precisam aprender nada, é como se tivessem um chip dentro do cérebro.

Poucos sabem que vivemos numa sociedade e que somos uma peça da engrenagem e a cobrança chega de forma implacável e torna-se cruel, quando não começa lá atrás, pela atitude dos pais.

Se pararmos para pensar, somos como um jogador de futebol (carreira curta), e ele vive essa angústia do medo de perder sua posição e se torna o animal que normalmente é quando titular e amarga no banco de reservas, o seu "autoflagelo", o seu sofrimento, a sua insegurança, daí ele se tornar uma presa fácil para os pregadores que o fazem vestir uma camisa por baixo, exaltando o nome de um salvador que ele nunca viu, mas que dizem pra ele que existe. Assim acontece com todos nós no cotidiano: sempre temos uma camisa discreta por baixo de nossa capa grossa, mas que só aparece quando a vitória chega. Se ela não vem, a camisa fica lá.

E então, depois de alguns anos, bate a agonia da morte prematura de um sonho em forma de bola de futebol. É preciso muito preparo psicológico para enfrentar essa "morte". Um Ginasta, um lutador de boxe, um artista de cinema, de novela morre de forma cruel, prematuramente. Hoje o mais comum é a indústria que mata todo dia as duplas de musicas caipiras. Os picaretas não querem mais ídolos que permaneçam no pódio por muito tempo, pois isso custa muito caro.

Sair atropelando todo mundo e gritar como o bandido Jefferson na política, mentir como o Presidente Bush e decepcionar que nem Obama e fazer terrorismo que nem os pastores das igrejas evangélicas que pregam o ódio, o individualismo, o egoísmo em nome de um Deus, alimenta o sonho daqueles que fingem levar a vida numa boa. A multidão apenas não sabe que esses picaretas é que determinam o nosso tempo de vida útil. Somos descartáveis. Ponto final. Temos então três vidas: A da dependência total, a da utilidade e aquela em que você faz o tortuoso caminho de volta para o nada e que chamamos de morte. A quarta vida, fica por conta dos sonhadores e arrecadadores de dízimos.

Mas o pesadelo prossegue e é como estar num sono profundo e poder dirigir as cenas, definir o que quer que aconteça. E no limiar da noite, nas profundezas das trevas, você se levanta sem sono, refletindo e anotando frases e pensamentos que são as suas verdades, os seus sonhos, as suas frustrações, em busca do inédito. E o inédito foi exatamente encontrar e reviver em lembranças esse mundo cão, diante dos olhos estarrecidos de crianças famintas e sem escola, enfim do sofrimento alheio que nos permite sair do egocentrismo pregado pelas religiões e seitas. Mais ou menos em outras palavras: "Se eu estou bem (rezando ou orando) o resto que se dane".

São reflexões que transbordam que traduzem estados de angústia ou até mesmo de plena ou falsa felicidade. No dia seguinte, você pode ler e jogar fora e ficar rindo de sua pobre visão, do que é ser triste e estar triste ou, feliz e estar feliz, Fazer amigos e destruí-los, entendem?. A vida portanto não é tão simples quando se fala de seres humanos. Somos todos canibais em toda extensão da palavra. Existem amigos de verdade, mas são muito poucos ou mesmo que não seja assim, é preciso cuidado.

Quando o insucesso bate à sua porta, você tem que ser muito forte para não gastar seu pobre dinheirinho com a retórica das centenas de livros de auto-ajuda e de conversa fiada. As livrarias de hoje, vivem disso e os consultórios de psicólogos estão cada vez mais lotados e haja salas de terapia remunerada. Quanto aos pobres, restam mesmo os bancos de igreja. Os ricos de bens materiais, eu não sei o que fazem lá. Remuneram os portadores de bíblia com medo de perderem o que conquistaram.

Portanto, morrer é mesmo uma merda, sob todos os aspectos e com todos os sentidos figurados possíveis. E por falar em morrer, você já comprou seu pequeno lote, no "jardim das saudades", vulgarmente chamado cemitério?

E já pagou antecipadamente pelas flores sem "espinhos" ? Durante muito tempo, você acompanhou seus amigos e parentes e lá depositou muitas flores e quando o seu dia chegar, que pode ser hoje, ou a partir de hoje, a qualquer momento, seus amigos, e/ou seus inimigos, acompanharão você para o irreversível "The last Day". Muitos chorarão de verdade e outros dissimularão o alívio e a alegria por não precisarem mais tolerar a sua presença.

De esquerda ou de direita, somos todos mortais.