Os 10 mandamentos

Que me perdoem a heresia, mas tenho algumas dúvidas a respeito dos 10 mandamentos da igreja.

Quanto ao primeiro mandamento: “Amar a Deus sobre todas as coisas.” Servirá aqui o uso da lógica dedutiva?: Deus já não está sobre todas as coisas? Se Deus está sobre todas as coisas e amamos a Deus não estamos amando também todas as coisas em igualdade de condição?

“Não tomar Seu Santo nome em vão”. Quanto a esse segundo mandamento, Quando praguejamos, vociferamos e explanamos: “Meu Deus!” (ao vermos uma gostosa atentando contra a nossa divina fidelidade): “Deus do céu” (depois que nosso time perdeu um gol ou de sermos claramente roubados pelo juiz); “Deus!” (após nossa mulher nos contrariar) Sabemos que tudo isso é em vão. Portanto, seria pecado fazer tais comentários?

“Guardar domingos e festas de guarda”. Domingo nos empanturramos de comida e de bebida (gula); Ficamos em frente a TV quase o dia inteiro, vendo Gugu, Faustão e companhia (preguiça); Xingamos o time adversário, a mãe do juiz que roubou o nosso time e toda a sua casta familiar (ira); Vamos ao shopping e não gastamos um tostão, sequer com um sorvete para as crianças (avareza); Ficamos pensando naqueles seres privilegiados em que todos os seus dias são domingos e não precisam trabalhar amanhã, neste caso segunda feira, (inveja); Lavamos o carro e, após ele limpo, ficamos olhando quase uma hora pra ele, achando-o o máximo (soberba); Sonhamos com uma TV de plasma ultra moderna, de trocentas polegadas para continuarmos sentados, vendo Faustão, nos empanturrando e xingando o juiz (Luxúria).

Isso porque nem contei os dias de festa de guarda, apesar de que não sei o que significam festas de guarda. Seria um baile na delegacia?.

“Honrar pai e mãe”. Conta aqui também o pai e mãe do próximo? No caso a genitora daquele juiz que havíamos xingado? (aqui já estou usando a 3ª pessoa e colocando todo mundo na “responsa”).

“Não matar”. Aulas, serviço, tempo, e aquele juiz FDP também conta?

O sexto mandamento “Não pecar contra a castidade”. O que é castidade? Alguém pode me responder?

Quanto ao “Não roubar”. Não somos todos uns ladrões? E os políticos? Vou mais longe ainda, e aquele mesmo juiz, ladrão, safado, sem vergonha, # * ¢ < ?>.

“Não levantar falso testemunho”. Fazer propaganda da nossa virilidade, da nossa macheza, beleza, potência, força, cultura, inteligência, etc. também conta?

O pior de todos: “Não desejar a mulher do próximo”. Alguém ainda, em sua sã consciência, faz isso? Na verdade o próximo aqui seria o seguinte? Assim nunca chegaríamos ao próximo e sim a mulher do primeiro. Se é que me entenderam.

O ultimo mandamento “Não cobiçar as coisas alheias”. Aqui também entra a mulher do próximo? Principalmente a mulher daquele juiz filho da mãe?

Que Moisés me perdoe toda a minha ignorância. Espero pelo menos ele me dar um “Sinai” em resposta. Prometo que não construirei nenhum ídolo de ouro. Apesar de que o Romário está na minha lista.

DIA DOS PAIS?

No próximo domingo, dia 09/08, é comemorado o dia dos Pais. Data importantíssima, principalmente para o comércio. Tudo bem! Não se preocupem, não vou fazer aqui toda aquela já desgastada crítica ao consumismo desregrado ou ao materialismo exacerbado. Também não vou exibir nenhuma mensagem poética e melódica a figura paterna.

Até já havia pensado em alguma mensagem exaltando e glorificando o genitor, mas hoje pela manhã me deparei com uma notícia e uma reportagem que me deixou chocado, indignado, revoltado e nauseado, necessariamente nessa ordem.

Primeiro foi a sessão pastelão no senado, pautada de xingamentos, apelações e agressões. Mais um espetáculo pobre desse circo dos horrores, onde os palhaços não estão no picadeiro, e sim, na platéia, assistindo tudo de camarote, de braços cruzados, indiferentes e indolentes. Somos, todos nós, meros e estáticos espectadores. Como se tudo aquilo fossem apenas atos de uma tragédia anunciada, com reapresentações tão passadas quanto inoportunas. Pra que se incomodar com isso, não é mesmo? Basta apenas mudar de canal e fingir que nada viu.

Você ainda deve estar se perguntando: O que tem isso a ver com o Dia dos Pais? Uma data meramente comemorativa, onde prepondera o churrasco, a comilança, os presentes, a família reunida e todas as homenagens merecidas?

Casualmente estava olhando no dicionário a palavra pai e me deparei com uma das definições: “Pai da pátria: Deputado ou Senador.” Só isso já poderia respondes sua interrogação, caro leitor, mas vou dar um pouco mais de corda. O que está havendo com nossas patrióticas figuras paternas? Nossos representantes políticos? Aqueles que têm o dever de nos dar os bons exemplos, nos orientarem para os bons caminhos, prover nossa casa (leia-se nossa pátria) de educação, alimentação e, acima de tudo, de dignidade? Esses são os nossos “Pais”? Que ao invés de estarem trabalhando para - honestamente - prover as necessidades dos filhos dessa mãe gentil, estão de digladiando e lutando apenas por seus interesses.

Já pegando o gancho do quesito dignidade, outra reportagem que me indignou (perdoem-me o trocadilho) foi a seguinte: “Um menino de 12 anos morreu no lixão da capital alagoana, depois de passar a noite trabalhando. Ele dormia em uma montanha de lixo e acabou atropelado por um trator. Segundo a Procuradoria Regional do Trabalho, a criança estava enrolada em um papelão quando foi atingida, na madrugada de quinta-feira passada (30/07).

Com um bolo na garganta, lágrimas nos olhos, punhos fechado, cabisbaixo e envergonhado vou seguindo minha vida. Já não posso dizer mais nada meus caros filhos dessa Pátria (que significa terra dos pais), de natureza exuberante e de um povo maravilhoso, honesto e trabalhador.

Nós não merecemos isso! Crianças morrendo no lixo e eles (os pais da nossa pátria) estão se lixando pra isso!

Tudo bem. Domingo vamos preparar nossos churrascos e aguardar os merecidos abraços e presentinhos. A vida segue, não é mesmo?

Hélio Cabral Filho
Enviado por Hélio Cabral Filho em 24/04/2013
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