UM GOIANO DESAVISADO

Cassiano viera no primeiro ônibus que conseguiu de Goiás para Belo Horizonte, contratado por ser um ótimo eletricista, para assumir com urgência uma obra em andamento. As orientações eram para que chegando aqui, já se apresentasse no local.

Na rodoviária pediu informações sobre a Av. João Pinheiro, onde precisa estar. Com toda gentileza indicaram-lhe a Av. Afonso Pena que se estendia à frente, seguindo por ela encontraria a outra, em cruzamento. Não teria dificuldades, era logo ali!

Ele concluiu então que se era perto, iria à marcha mesmo. Jogou nas costas sua preciosa mochila com todas as suas ferramentas, pegou uma mala em cada mão e pôs-se a caminho.

Andou bastante até chegar à Praça Sete. Começava a sentir o cansaço da viagem, da confusão de um centro conturbado e do peso que carregava. Achando ter-se enganado perguntou a um transeunte pelo endereço procurado. Foi-lhe respondido que estava no rumo certo, era só seguir direto, este local ficava logo ali.

Ainda bem, estava próximo! Continuou. Nada de chegar. Já lhe escorria o suor, suas ferramentas pesando como chumbo, as malas entorpecendo os braços. Parou e viu em frente a prefeitura, entrou pelo grande salão. Não era possível, ali alguém tinha que saber lhe dar a informação correta.

Fez a mesma pergunta à funcionária e veio a resposta, é logo ali! Cassiano explodiu de raiva e aos gritos protestou, “que raio de logo ali é este que todo mundo fala e não chega nunca?” A funcionária não se enervou, começou a rir e respondeu-lhe que agora estava pertinho mesmo, mais um quarteirão à frente e chegaria ao seu destino.

Realmente chegou à tal avenida, até que enfim, porém a numeração que procurava ainda estava longe de ser alcançada. Necessitou seguir mais cinco quarteirões, em subida íngreme, bem típica das nossas regiões montanhosas. A cada passo que dava praguejava com todo o seu repertório de xingamentos e maledicências e lastimava não ter pegado um taxi, afinal de contas era “logo ali”!

Querido goiano, não pense que foi má intenção, é que por estas bandas temos o costume de seguir o ditado, “devagar se vai ao longe”, e sem pressa o longe fica perto, fica “logo ali”!

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Recebi esta carinhosa interação do amigo poeta Chinxola e agradeço imensamente!

Goiano em Minas Gerais

Tem que primeiro entender

Não sendo longe demais

Logo ali, pode ser

Inêz Drumond
Enviado por Inêz Drumond em 09/04/2013
Reeditado em 10/04/2013
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