Múltiplos

Na expectativa de ser deixou diluída em água de lágrimas as maquiagens, se apoderou de faces e disfarces, sorrisos graciosos para atrair e distrair, alguns embora verdadeiros se justificavam honestos mais pelo objetivo do que pelo objeto.

Acontecia que muitos outros, cavalheiros respeitáveis e virtuosas damas se enganavam com máscaras dizendo saber quem eram e pra onde iam. Ignorando, como um ignorante que têm certeza, os seus múltiplos personagens sufocados pelo molde absoluto. Profanando o templo natural do humano, correspondem as expectativas, num adestramento irreversível ajoelham e pedem.

Penas das asas humanas foram usadas para encher travesseiros modestos, a cabeça pesa mesmo em consciência rasa, esvazia-se e esvai, esquecido pelo tempo, não voam nem nada, mas rezam.

Revezam em uma estúpida sucessão de cores por valores, bandeiras e cadeiras, mesmo assim são os mesmos, programados e projetados, são óbvios até quando roubam e matam.

Tão Humano, ser humano, fingir humano, correr dos humanos ! Esperava ser um dia, mas em um dia quando a personalidade saísse da enfermidade e perdesse o sorriso engessado.

Enquanto isso preferia as indefinições, os múltiplos personagens, com a certeza de que estar certo é uma grande ilusão.