A carta não enviada

Naquela manhã de agosto a vida nos impunha uma cruel distancia, tendo o bom senso como razão impositiva e, prescrevendo, o passar do tempo, como remédio para este amor, que andava há tempos pelas nossas vidas percorrendo caminhos, becos e ruelas de angustias e incertezas.

Amanhã, faz dez anos que renunciamos a vida, lado a lado. E hoje, de mãos sangrando, coração aflito e olhar sem brilho, em mim, esta é a imagem quase desbotada, desse amor que até hoje, em nossas almas vive aconchegado.

Os desencontros, invadiram nossas searas. As águas límpidas e claras que, nossa sede saciava, poluímos todas com as nossas dores e, até hoje, na alma. estão acumuladas. Na minha vida, houve momentos em que a esperança perdeu o rumo e coloriu nosso mundo de cinzas.

Agora, neste dia amanhecido, vejo pousar na janela da minha vida que permanece aberta, apesar de tudo, este raio de sol que agora aquece, minha pálida vida.

O sol, hoje me abençoa o dia, celebra a vida que em mim, ainda resta. E, este sol assim, doirado e generoso, suplico, que vá ter contigo neste instante e, seus raios de ouro, leve esta saudade que me quebra a resistência de ir ao teu encontro. E assim, fragilizada imploro: Meu amor, não façamos, como em outros verões passados, quando, pela vida, não queríamos, ser achados.

Volta, vamos resgatar nosso tempo, nossas vidas! Sarar a solidão deste amor tão nosso, imensurável e tão doído. E, termos a coragem de dizer: Não é justo tanto amor, tanta vida, assim desperdiçados. Não devemos perder mais, tanto tempo, tanta vida. E desde aquela longa despedida, caprichosamente, estamos sós. E, nesta carta, te digo agora: De hoje em diante, não vou mais admitir, que somente o Senhor Destino, todo poderoso, tenha o direito e o livre arbitrio de desatar das nossas vidas, os nós. Vem, volta,meu coração te espera, minha alma anseia, por dá vida as nossas vidas...

Josenete Dantas
Enviado por Josenete Dantas em 11/03/2013
Reeditado em 03/09/2016
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