SEM MAPA

Não sei por que razão queremos ter o controle de tudo. Do que fazemos hoje e do que faremos no futuro. Planejamos insistentemente a nossa vida todos os dias, incansavelmente.

Aprendemos desde cedo esta função. Ter o controle. Vamos à escola, passamos por todo aquele sofrimento para seguirmos para a faculdade e seguir a carreira profissional escolhida para, simplesmente, ter o controle.

Tentamos escrever nossa vida bem como um autor escreve um livro. Esse sim tem um complexo de ser Deus e fantasiosamente realizam tal desejo ao finalizar o último capítulo do seu livro. Eles comandam a historia, seus personagens, suas vidas.

Mas nós não. Vivemos com tal complexo, desolados por apenas fazermos parte de um ecossistema muito maior, somos simples peça de uma engrenagem que luta contra sua própria natureza.

Tentamos sempre nadar contra a maré e até me divirto e me irrito com isso.

Nós planejamos como as coisas acontecerão e quando queremos que aconteça. Mas, ao mesmo tempo outras coisas acontecem, a vida muda e sempre precisamos nos adaptar. E aí é que está o “barato”, pois tudo que tanto estava sob nosso controle esvaem de nossos dedos e temos que trocar de caminho, e acabamos por descobrir forças que nem sabíamos que tínhamos por simplesmente querer ter o controle de tudo.

Estou me convencendo que o mais fácil é nos permitir desistir das ilusões de controle e enfrentar o que quer que seja que venha a nossa frente. Escrever em letreiros grandes de neon NÃO SURTAR no estandarte da nossa memória, caso as não aconteça como tanto planejamos, porque com mapa nos achamos e perdidos nos permitimos.

Eduardo Magalhães
Enviado por Eduardo Magalhães em 04/03/2013
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