Um feriado no meio da semana

Cinco de agosto, quarta-feira, feriado.Dia de Nossa Senhora das Neves, Padroeira da cidade, meio da semana, ... plena quarta- feira... pela manhã, logo cedo, o batente, a escada, o elevador, a Agenda marca, Audiência, às 8,30 do dia, ali, bem ali, há 165 kilometros de onde moro, vivo e resido... francamente... ninguém merece...

Sem nada programar, pela exiguidade do tempo,fico pela casa, marcando as horas;ligo a TV, deito na rede, pego o Jornal que o Porteiro sempre, atrasa a entrega. Da cadeira-estante, que proxim da rede fica, minhas mãos alcançam um livro que há mais de dez anos ganhei de presente " Os cem melhores Poemas do Século".Aleatóriamente, vou abrindo-o,e como que para acalmar o espirito, dentre os Cem Poemas uma veturosa coincidencia....

O Velho-grande Poeta, Manuel Bandeira, as fls. 49\50 do Livro acima citado.E eu adoro, a ida desse Poeta para "Passagada", onde êle é"amigo do rei".E continuo a viagem por estas deliciosas páginas, rimas e lindas paisagens poeticas, fazendo um contra ponto, entre realidade e sonhos.Continuando o sorteio que faço entre todas as suas 350 páginas meus olhos me brindam com "Soneto de Fidelidade",do inveterado boemio-romantido,Embaixador e Poeta Vinicius de Morais,quando proclama:" Eu posso me dizer do amor (que tive):Que não seja imortal, posto que é chama. Mas que seja infinito enquanto dure",aqui a obra prima, nas minhas mãos, paginas,101 E,continei, com " Os Cem Melhores Poemas do Século" no continuar do sorteio.Desta vez, me aparece o eterno morador, dono, porprietário e herdeiro do Engenho "Pau d´Arco" no Vale do Paraiba, o imortal poeta, Augusto dos Anjos, com seus "Versos Initimos" as paginas 61 " Se algúem causa pena a tua chaga. Apedreja esta mão vil que te afaga. Escarra, nesta boca que te beija".Este, o meu sempre amado "Poeta Maior" da minha,também, muito amada, Paraiba.

Assim,por todo este feriado em meio da semana, entre Poetas Versos, Poemas e fantamas, o dia foi passando.Incentivada, talvez pela levesa de alma que de mim se apossa, em face,desta convivencia,quase intimidade com "OS CEM MELHORES POEMAs DO SÉCULO", vou até a Escrivania e, lá do fundo da gaveta, resgato um poema da mimha autoria, nunca dantes publicado: "Um Anjo" e que, agora,deixa de peder o seu comodo anonimato.

Um Anjo

Um anjo entrou na minha Igreja.

E o brilho do seu castanho olhar

Acompanhou o passo do meu caminhar.

Tomou nas suas, as minhas mãos sozinhas.

As beijou, como se fora eu, uma Rainha.

Fazendo, assim, lindo o meu sonhar

Veio vindo... sem ruído e sutilmente

Bebeu na fonte do meu amor imenso.

Quebrou as algemas da minha solidão.

Andou comigo, devolveu-me a vida.

Eu sonhei, com esse anjo a vida inteira.

Um dia, sem nenhuma explicação.

Partiu, para muito além da minha Igreja.

E no altar da saudade pela ausencia erguido.

Que retorne a minha Igreja eu suplico.

Por favor, não ponhas meu sonho em risco.

Nem minha felicidade em iminente perigo!

Fechando este feriado, no meio da semana, me atrevo a fazer uma observação: vejam,o que faz um corpo em uma quuarta-feira, cinco de agosto, feriado no dia cinco de agosto, quarta-feira, DIA DE NOSSA SENHORA DAS NEVES, que chega até, tirar do " fundo do Baú" um poeminha, supliante, escrito, sei lá há uma ou duas décadas....

Josenete Dantas
Enviado por Josenete Dantas em 23/02/2013
Reeditado em 11/12/2013
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