A queda

Desde criança aprendi a não me desesperar com as quedas da vida e a grande responsável por isso foi minha mãe. Ela fazia uma festa quando eu caía, e dizia: "_ Eita que menina sabida, ela cai e se levanta rapidinho quer ver?!". Soprava o meu dodói no joelho. E logo eu estava de pé, orgulhosa da queda, do levante e do elogio de minha mãe. Às vezes, a queda era braba, doía pra valer, mas aquele sorriso era meu analgésico, eu engolia o choro e me levantava fortalecida

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Hoje, não tenho mais minha mãe para sorrir pra mim, nem soprar minhas dores. E quisera que minhas quedas continuassem machucando apenas os meus joelhos. Contudo, ficou a lição, e, mesmo depois de adulta, quedas nunca foram motivos para baixar a cabeça, tampouco, apoiar-me em depressão. Toda vez que caio, sopro a minha alma, sorriu e repito para mim, como uma filha obediente: _ Eita que menina sabida, ela cai e se levanta rapidinho quer ver?!