As Crônicas de Akemi Benedictus: O Piano

Caminhou pelos aposentos, inalando o doce aroma de rosas que impregnava o ambiente. Abriu a janela da pequena sacada e respirou fundo, sentindo o oxigênio puro das montanhas preencher seus pulmões. Estava viva e feliz. Animou-se, abrindo um delicado sorriso. Olhou para o céu e viu uma pequena nuvem formar-se, encobrindo o sol e deixando o dia acinzentado. Dia perfeito para ficar em casa. O frio era o clima que ali fazia o tempo inteiro e também o preferido de Akemi. Depois de agradecer ao universo pela vida boa que tinha, a jovem desceu as escadas da casa onde vivia sozinha. Sapeca e curiosa como era, decidiu espiar o porão da casa, o qual ela nunca tinha visitado, para ver o que havia de interessante por lá para ela brincar. Sim, apesar de sua aparência de vinte anos de idade ela adorava brincar. Uma jovem nesta idade não precisa necessariamente ter atitudes de adulta o tempo inteiro só porque a sociedade impõe que isso é correto. O correto mesmo é ser feliz independente do que as outras pessoas pensem. Cada um faz de sua vida o que bem entende e Akemi adorava brincar. Ela sempre se divertia indo à biblioteca e lendo livros cheirando a papel velho e mofo, fingindo ser a heroína da história que salvava o mocinho ou a princesa em apuros para ser salva por ele. Seus dias eram sempre cheios de aventuras, ainda que ela não saísse do lugar. Sentiu-se um pouco apreensiva, mas mesmo assim foi para a cozinha, local onde ficava a porta do velho porão, pegou uma vela, acendeu, girou a maçaneta da porta que rangeu alto quando se abriu e desceu as escadas em busca de sua aventura. Passo por passo ela enfim chegou ao seu destino. Uma sala toda empoeirada com móveis cobertos por lençóis brancos e repletos de teias de aranha. Uma mesa de sinuca ao centro, poltronas, sofá ao canto direito e o mancebo com uma armadura antiga medieval no cantinho esquerdo. Típico porão de filme de terror. Sua imaginação fértil começou a trabalhar. Imaginou que algum assassino cruel poderia ter enterrado pessoas ali naquele chão ou até mesmo na parede e quando deu por si de seus pensamentos ela simplesmente pulou para o último degrau da escada, estendendo os braços para não encostar na parede por medo de haver algum defunto preso por ali. Passado alguns minutos, riu sozinha da peça que sua mente criativa lhe pregara e voltou a caminhar pelo lugar para sondar o ambiente antes de começar suas aventuras naquele novo recinto. Já havia dominado a biblioteca e a cozinha da casa, faltavam apenas o sótão e o porão. E cá está ela. De repente ela avistou algo diferente e logo reconheceu. Era tal e qual havia em sua casa antiga. Um piano de parede. Sorriu encantada. O piano estava escondido sobre um lençol branco e todo sujo. Teias de aranha terminavam de compor a bela visão daquele instrumento ali aposentado. A loira Suspirou fundo, pois amava tocar, mas tinha medo do piano estar quebrado ou de tudo desmoronar por ali como havia assistido em um filme antes de dormir na noite anterior. Então sentou-se no cantinho, esquecendo-se da história dos defuntos enterrados no chão, recostou na parede e cerrou os olhos. Seu cérebro foi longe neste instante. Em seu sonho o piano estava na sala de estar e ela podia tocá-lo livremente. Sentou-se na pequena banqueta que o acompanhava, admirou sua beleza com o olhar fascinado. O instrumento era de madeira nobre envernizada com teclas de marfim e estava totalmente afinado. Akemi então, abre o livro de partituras, escolhe uma bela música e começa a tocar.

Fabiana Alves Chaves Ferreira
Enviado por Fabiana Alves Chaves Ferreira em 04/02/2013
Código do texto: T4123392
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